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Rocha Loures é executor de crime de Temer, diz Procuradoria

Rocha Loures foi assessor do presidente Michel Temer (foto) - Pedro Ladeira/Folhapress
Rocha Loures foi assessor do presidente Michel Temer (foto) Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Breno Pires e Isadora Peron

Brasília

03/06/2017 08h34

Ao reapresentar no Supremo Tribunal Federal pedido de prisão preventiva do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o classificou como "homem de total confiança, verdadeiro ‘longa manus’ do presidente da República Michel Temer". ‘Longa manus’ quer dizer executor de crime premeditado por outro.

Loures foi preso em Brasília na manhã deste sábado (3), poucos dias após perder o foro privilegiado. 

Janot insistiu na prisão de Loures tão logo ele perdeu a imunidade parlamentar - com o retorno do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) à Câmara após ser demitido do cargo de ministro da Justiça.

No início da Operação Patmos, em 18 de maio, Janot havia pedido a prisão preventiva do então assessor de Temer, mas o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo, rejeitou a medida e apenas limitou-se a afastá-lo do mandato.

Loures foi flagrado correndo por uma rua de São Paulo, em abril, carregando uma mala com R$ 500 mil divididos em 10 mil notas de R$ 50. O dinheiro, segundo ação controlada da Polícia Federal, veio da JBS. Ele e Temer são alvo de um mesmo inquérito sob condução de Fachin. A Procuradoria suspeita da prática de corrupção passiva, organização criminosa e obstrução à investigação. Temer nega ter cometido ilícitos.

Loures - Bruno Santos/Folhapress - Bruno Santos/Folhapress
O deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) desembarca no aeroporto de Guarulhos, em SP, após delação da JBS
Imagem: Bruno Santos/Folhapress

Janot reafirmou que o ex-assessor especial do presidente "aceitou e recebeu com naturalidade, em nome de Michel Temer", oferta de propina de Joesley Batista, acionista da JBS.

O procurador se refere a uma propina de 5% que teria sido acertada com Loures sobre o benefício econômico a ser auferido pelo grupo J&F, especificamente em favor da Empresa Produtora de Energia (EPE) Cuiabá. O então assessor especial de Temer teria, em contrapartida, de interceder em favor do grupo em processo administrativo no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão antitruste do governo federal.

"Após esse acordo inicial, momento em que o crime de corrupção se consumara, o deputado federal ainda recebeu os valores da propina acertada do também colaborador Ricardo Saud (diretor de Relações Institucionais da J&F, controladora da JBS)", disse o procurador.

Ao citar a ligação entre Loures e Temer, Janot afirmou ainda que "este último permanece detentor de foro por prerrogativa de função no Supremo Tribunal Federal". O procurador-geral apontou ainda "evidente conexão intersubjetiva e instrumental das condutas em tese praticadas por Rodrigo Loures e Michel Temer".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.