Topo

Cardozo diz a advogados que Josley tentou contratá-lo por R$ 1 milhão em dinheiro vivo

O ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo - Felipe Rau/Estadão Conteúdo
O ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo Imagem: Felipe Rau/Estadão Conteúdo

Ricardo Galhardo

São Paulo

05/09/2017 20h54Atualizada em 05/09/2017 22h43

Em conversas com advogados nesta terça-feira (5), o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo disse ter sido vítima de uma tentativa de armação por parte de Joesley Batista, Ricardo Saud e do ex-procurador Marcelo Miller. "Queriam dar um flagrante e me por na cadeia", afirmou o ex-ministro a um deles, segundo relato ao Estado de S. Paulo. Procurado, Cardozo disse que não vai comentar o assunto.

Nestas conversas com colegas, o ex-ministro disse estar tranquilo diante das gravações, já que as conversas não têm nenhuma acusação contra ele. De acordo com interlocutores da área jurídica, Cardozo disse ter encontrado-se apenas uma vez com Joesley e Saud, que propuseram contratar o escritório do qual o petista é sócio por R$ 1 milhão em dinheiro vivo. Cardozo recusou o contrato.

"Se tivesse aceitado, estaria preso", disse a um colega.

Ao comentar com advogados os comentários feitos entre os delatores sobre sua suposta influência no Supremo Tribunal Federal (STF), Cardozo chegou a ser irônico. "Se tivesse ministros do Supremo no bolso, a presidente Dilma (Rousseff) ainda estaria no cargo", disse o ex-ministro, segundo relatos.

Cardozo foi o advogado da presidente cassada durante o processo de impeachment.

Ele comentou com colegas que no primeiro momento em que foi abordado, não desconfiou da intenção de Joesley e Saud, mas aos poucos, conforme as informações sobre o caso foram surgindo, percebeu que o objetivo dos delatores era incriminá-lo para, a partir daí, chegar a ministros do STF com quem o ex-ministro tem relação e "ficar bem" com o Supremo. A "armadilha" seria de conhecimento de Miller.

O petista disse a advogados considerar que toda a delação ficou comprometida e que as provas apresentadas devem ser consideradas nulas pela Justiça, inclusive a gravação na qual Joesley conversa com o presidente Michel Temer, devido à participação de Marcelo Miller no caso.