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Lula diz que Palocci quer "destravar delação para receber benefícios"

Lula e Palocci juntos em foto de 2005 - Eraldo Peres/AP Photo
Lula e Palocci juntos em foto de 2005 Imagem: Eraldo Peres/AP Photo

Luiz Vassallo, Julia Affonso e Ricardo Brandt

São Paulo

26/09/2017 22h13

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (26), por meio de nota, que a carta enviada pelo ex-ministro Antônio Palocci à direção do PT é uma tentativa de "destravar sua delação para receber benefícios".

Palocci pediu desfiliação do PT questionando se a legenda é um "partido político sob a liderança de pessoas de carne e osso" ou se é "uma seita guiada por uma pretensa divindade". "Ofereço a minha desfiliação, e o faço sem qualquer ressentimento ou rancores. Meu desligamento do partido fica então à vossa disposição."

"Cena mais chocante que presenciei do desmonte moral da mais expressiva liderança popular que o país construiu em toda nossa história", afirmou Palocci.

Em reação à carta, o ex-presidente afirma que os "ataques indevidos" de Palocci "devem ser interpretados como mais passo que ele dá com o objetivo de tentar destravar sua delação para receber benefícios - que vão desde a sua saída da prisão até o desbloqueio de seus bens".

"O depoimento prestado por Palocci no dia 06/09 é repleto de contradições com depoimento por ele prestado em maio deste ano e, ainda, com depoimentos prestados por outras testemunhas. O documento emitido hoje segue na mesma direção", ressalta.

Preso desde setembro de 2016, o ex-ministro, interrogado em 6 de setembro pelo juiz federal Sérgio Moro, rompeu o silêncio e incriminou o ex-presidente Lula, seu antigo parceiro de agremiação. Palocci acusou o ex-presidente de ter fechado um "pacto de sangue" com a Odebrecht, em troca de uma super propina de R$ 300 milhões para seu partido e para ele próprio. Lula nega.

Na sexta-feira, 22, o PT decidiu suspender Palocci por 60 dias das atividades partidárias.

"Ao mentir, sem apresentar provas e seguindo um roteiro pré-estabelecido em seu depoimento na 13a. Vara da Justiça Federal, em Curitiba, no último dia 6 de setembro, Palocci colocou-se deliberadamente a serviço da perseguição político-eleitoral que é movida contra a liderança popular de Lula e o PT. Desta forma, rompeu seu vínculo com o partido e descomprometeu-se com a sua militância", disse a resolução.