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Miller diz que pedido de prisão contra ele foi 'disparate completo' de Janot

O ex-procurador é suspeito de ter feito "jogo duplo" ao supostamente beneficiar os colaboradores da JBS quando ainda ocupava cargo no Ministério Público Federal - Fátima Meira/Futura Press/Estadão Conteúdo
O ex-procurador é suspeito de ter feito "jogo duplo" ao supostamente beneficiar os colaboradores da JBS quando ainda ocupava cargo no Ministério Público Federal Imagem: Fátima Meira/Futura Press/Estadão Conteúdo

Renan Truffi

Em Brasília

29/11/2017 11h53

Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) da JBS na manhã desta quarta-feira (29), o ex-procurador Marcelo Miller classificou de "disparate completo" o pedido de prisão feito contra ele pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot.

"Ele não tinha atribuição para pedir minha prisão porque eu não tinha foro privilegiado. Meu pedido de prisão foi feito para garantir a busca e apreensão na minha casa. Foi um disparate completo", afirmou Miller

O ex-procurador é suspeito de ter feito "jogo duplo" ao supostamente beneficiar os colaboradores da JBS quando ainda ocupava cargo no Ministério Público Federal (MPF), à época sob o comando de Janot.

Miller desmentiu ainda que fosse "braço direito" do ex-PGR. "Há uma desinformação completa sobre minha relação com Rodrigo Janot. Nunca fui braço direito de Janot. Ele não tinha nenhuma predileção por mim. Ele me convocou por conta de um trabalho que eu tinha feito", afirmou.

Marcelo Miller voltou a criticar as declarações de Janot ao jornal "O Estado de S. Paulo", de que ele teria agido por ganância. Isso porque deixou o cargo de procurador no Ministério Público Federal no dia de 5 de abril e foi trabalhar, na sequência, na empresa Trench, Rossi e Watanabe Advogados, que tinha justamente a J&F como cliente.

"Eu nunca agi por ganância. Óbvio que eu queria ganhar melhor, mas eu não estava querendo ser milionário. Janot foi infeliz em falar em ganância, ele me conhece", afirmou.

Miller disse, ainda, que fez uma avaliação da sua atuação junto à J&F, quando ainda era procurador do Ministério Público Federal (MPF), e percebeu um "erro brutal de avaliação" de sua parte. Questionado na CPI sobre as tratativas que tinha com executivos do grupo, Miller admitiu "lambança" ao responder perguntas sobre o acordo de colaboração negociado pela empresa, mas negou que tenha cometido crime.

Fiz uma lambança, diz ex-procurador sobre JBS

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"De fato, eu comecei a ter contato com a J&F antes da delação acontecer. Respondia perguntas, refletia sobre o caso, e não estou negando nada disso. Fiz uma avaliação e não cometi crime, espero mesmo que apurem os fatos, mas eu cometi um erro brutal de avaliação. Eu fiz uma lambança", afirmou Miller aos parlamentares.

Apesar disso, o ex-procurador afirmou que não traiu o Ministério Público Federal ao trocar o órgão pela empresa Trench, Rossi e Watanabe Advogados, que tinha a J&F como cliente. "Eu não traí o MPF porque tudo o que eu incentivava a empresa a fazer era o que eu faria se estivesse no exercício de minha função (na PGR). É o que eu diria se estivesse numa sala de aula, é o que eu diria a um amigo. Eu incentivava a empresa a se remediar."

O ex-procurador foi convocado porque está no centro da crise que atingiu a Procuradoria-Geral da República (PGR). Ele é suspeito de atuar nos dois lados do balcão e orientar a J&F quando ainda era do Ministério Público Federal (MPF).