Topo

Deputado ruralista vê Bolsonaro como 'radical'

Tem de radicalizar contra o MST, mas radicalizar dentro da lei", disse Bolsonaro - Wilson Dias/Agência Brasil
Tem de radicalizar contra o MST, mas radicalizar dentro da lei", disse Bolsonaro Imagem: Wilson Dias/Agência Brasil

Leonencio Nossa

Em Brasília

29/11/2017 07h29

Um almoço fechado do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) com parlamentares ruralistas expôs nesta terça-feira (28) divergências entre o pré-candidato ao Palácio do Planalto e o setor do agronegócio. O encontro foi na sede da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), no Lago Sul.

O discurso de Bolsonaro contra o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a repetição de uma promessa feita durante a semana de que distribuiria fuzis para fazendeiros enfrentarem "invasores" de terra não foram suficientes para garantir uma liga entre o candidato e o setor.

"A gente quer segurança. A gente não quer uma pessoa que traga mais insegurança", afirmou o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), que foi um dos poucos parlamentares a usar o púlpito montado na sede da FPA para falar.

"Essa campanha está nascendo como uma guerra de marketing. Estão mais preocupados em dar declarações que comovam a opinião pública do que fazer análises profundas", disse Sávio.

o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG) - Alan Marques/Folhapress - Alan Marques/Folhapress
"A gente não quer uma pessoa que traga mais insegurança", afirmou o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG)
Imagem: Alan Marques/Folhapress

"Às vezes somos estigmatizados. O setor agropecuário não pode e não tem o egocentrismo de pensar o Brasil só sob o olhar do campo e da produção. Olhamos questões como saúde, educação e segurança."

Uma boa parte dos deputados evitou dar declarações. Eles saíram afirmando, de forma reservada, que Bolsonaro foi "genérico" e "inconsistente". Em entrevista, Bolsonaro reclamou que um deputado, referindo-se a Sávio, o tinha chamado de radical e que 90% dos presentes tinham sido receptivos.

"Quero ver se esse vaselina vai resolver o problema da violência. Ele que apresente uma solução", afirmou Bolsonaro. "Tem de radicalizar contra o MST, mas radicalizar dentro da lei."

‘Porteira fechada’

Bolsonaro disse que, caso seja eleito, entregará o Ministério da Agricultura de "porteira fechada" para o setor indicar técnicos, do ministro aos assessores. O deputado Luiz Nishimori (PR-PR) disse ter gostado do discurso de Bolsonaro, mas reconheceu que não é novidade ministro da Agricultura ser escolhido pelo setor. "Isso é normal."

O pré-candidato divergiu de setores do agronegócio ao se opor a proposta de venda de terras para estrangeiros. "Não sou nacionalista. Sou patriota. Quem quer comprar é a China. Ela que vai decidir o alimento que plantará. O que a gente vai comer amanhã?", questionou. "Agora, se o setor quer vender, eu obedeço." Bolsonaro disse que saía do almoço "confiante".

O deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), líder da FPA, foi questionado sobre as críticas reservadas de parlamentares a Bolsonaro. "Na verdade, o importante para a frente é que não estamos escolhendo nosso candidato", disse.

Leitão ressaltou que a frente já recebeu o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito João Doria (PSDB), ambos de São Paulo.

"Nós utilizamos os pré-candidatos para que eles verbalizem e entendam o sentimento do setor. Eu acho que para isso foi muito bom (o encontro com Bolsonaro). Ele disse que compreende o sentimento do setor e é contra o debate ideológico." As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".