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Com falta de vagas para presos, construção de cadeias fica apenas nos projetos

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Breno Pires

Em Brasília

09/12/2017 07h44

Em um ano marcado por massacres em penitenciárias superlotadas, as promessas de criação de vagas não se concretizaram. Apesar da liberação de R$ 1,2 bilhão do Funpen (Fundo Penitenciário Nacional) há um ano para utilização dos Estados, nenhum projeto com verba federal teve obras iniciadas. Quatro dos 27 Estados sequer apresentaram projetos --cada um pode solicitar até R$ 44 milhões.

Além disso, 84 obras previstas no PNASP (Plano Nacional de Apoio ao Sistema Prisional), de 2011, estão pendentes --39 paralisadas. Naquele ano, o governo da presidente cassada Dilma Rousseff (PT) liberou R$ 1,1 bilhão para o sistema. Criariam 39.659 vagas em presídios.

Segundo o Depen (Departamento Penitenciário Nacional), das 42 mil vagas previstas, cerca de 2,4 mil foram finalizadas.

"O Depen havia identificado 51 obras críticas. Muitas já foram retomadas e alguns dos convênios serão rescindidos", disse o diretor-geral, Jefferson de Almeida. Segundo ele, somadas, as vagas do PNASP e do Funpen chegariam a 65 mil, "o que não resolveria o problema".

Superlotação

Além disso, o total de vagas ainda tem caído desde 2014, quando chegou ao ápice de 376 mil --hoje são 368 mil. A taxa nacional é de 197 presos para cada 100 vagas. "Não adianta dizer que precisa construir mais cadeias porque o ritmo de encarceramento não diminuiu nas últimas décadas. Se fosse zerar o déficit que há hoje, precisaria construir amanhã mais 1,4 mil unidades prisionais, o que é impossível", afirmou Thandara Santos, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

"A questão é olhar a porta de entrada, o fluxo de encarceramento. Só reduzindo o ritmo se poderá colher daqui alguns resultados para oferecer dignidade às pessoas", disse ela.

No País, 80% das unidades prisionais têm menos vagas do que aprisionados. A situação mais grave é a do Amazonas, onde houve em janeiro uma chacina com mais de 50 mortes.

O Estado aprisiona, em média, 48 pessoas em espaço destinado a 10. "A taxa avaliza que, de fato, era um barril de pólvora fomentado pelo próprio Amazonas", disse Rafael Custódio, da ONG Conectas.

Nesta semana, representantes do governo amazonense pediram à União a permanência até junho de agentes da Força Nacional --deslocados para o Estado em janeiro para conter o caos no sistema penitenciário local.

As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".

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