Topo

Sem Huck, Barbosa é única possibilidade de outsider na eleição, diz consultor

12.mai.2016 - Joaquim Barbosa, jurista e ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) - Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo
12.mai.2016 - Joaquim Barbosa, jurista e ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Imagem: Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo

Fernanda Guimarães e Altamiro Silva Junior

São Paulo

10/04/2018 12h53

Sem a candidatura do apresentador Luciano Huck, a única possibilidade de outsider nas eleições presidenciais deste ano é a do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa, que acaba de se filiar ao PSB, na opinião do sócio e presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles.

Para ele, Barbosa une o discurso de combate à corrupção e a trajetória do brasileiro que "veio de baixo e subiu na vida". Pesa contra, no seu ponto de vista, o gênio do ex-ministro do STF, que "assim como Ciro Gomes e Jair Bolsonaro", tem capacidade de dar um tiro no próprio pé.

Na visão do presidente da consultoria, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, que se filiou ao MDB e agora tenta se consolidar como candidato à Presidência, tem chances de alcançar cerca de 15% de intenção de votos e garantir presença no segundo turno das eleições.

Segundo ele, mesmo com menos tempo de TV para sua campanha, Meirelles congrega a figura de especialista, "que resolve a economia para melhorar a vida das pessoas", lembrando que foi chamado tanto para chefiar o Banco Central, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, quanto no governo de Michel Temer, dessa vez como ministro da Fazenda.

No entanto, o diretor da Bites Consultoria, Manoel Fernandes, diz que não acredita que Meirelles terá tempo hábil de se aproveitar da melhora da economia para ajudar na intenção de votos. Ele destaca que a percepção de desemprego na população, por exemplo, ainda é elevada.

A única chance que a classe política tem de buscar uma reconexão entre os governantes e governados na eleição deste ano no Brasil é empoderar o eleitorado, ou seja, dar a esse grupo mais poder ao mesmo tempo que diminui o dos políticos, segundo o sócio e presidente do Instituto Locomotiva.

"As pesquisas que temos feito mostram que a grande demanda é por mudança, que é ter algo diferente do que se tem hoje. Há um consenso de que nenhum político é honesto e nove a cada dez acreditam que os políticos governam para si e não para defender o eleitor", disse, em painel do evento Itaú Macro Vision.

Segundo ele, o processo de polarização que é visto no Brasil levou a um sentimento de que a classe política é cada vez mais distante das pessoas. Diante disso, as candidaturas que derem menor poder aos políticos e mais para as pessoas tendem a ter mais sucesso.

No entanto, ele destaca que o mundo hoje está cada vez mais preso às "bolhas de algoritmos", o que significa que em sua vida digital as pessoas se deparam cada vez mais com um ponto de vista semelhante ao seu. "Isso leva a uma radicalização e esquecemos de ver que o que une os brasileiros é a descrença da classe política", disse.