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Empresário agredido em frente ao Instituto Lula pede para ser ouvido novamente

5.abr.2018 - Carlos Alberto Bettoni foi agredido em frente ao Instituto Lula - Rahel Patrasso/Xinhua
5.abr.2018 - Carlos Alberto Bettoni foi agredido em frente ao Instituto Lula Imagem: Rahel Patrasso/Xinhua

Luiz Vassallo e Fausto Macedo

São Paulo

25/04/2018 19h09

O empresário Carlos Alberto Bettoni pediu à Justiça que determine ao delegado que conduziu inquérito sobre agressão que sofreu em frente ao Instituto Lula, no dia 5 - data em que o juiz Sérgio Moro decretou a prisão do ex-presidente -, que tome novamente seu depoimento. Por meio de seus advogados, Bettoni também pede que duas "testemunhas oculares" do caso sejam ouvidas. Uma delas, segundo o empresário, "teme por sua vida e de seus familiares".

Na noite de 5 de abril, Bettoni foi empurrado diversas vezes em frente ao prédio do Instituto Lula e bateu a cabeça no para-choque de um caminhão. Ensanguentado e com traumatismo craniano, ele ficou internado vários dias.

O ataque ao empresário foi alvo de inquérito no 17.º Distrito Policial, no Ipiranga, conduzido pelo delegado Luiz Carlos Patrício Nascimento. Ao final da investigação, foram indiciados Manoel Eduardo Marinho, o "Maninho do PT", seu filho, Leandro Eduardo Marinho, o "Maninho", e Paulo Cayres, o "Paulão".

Os criminalistas Daniel Bialski e João Batista Augusto Júnior, que defendem Bettoni, afirmaram na petição à Justiça que houve "indevida tomada de declarações da vítima", no dia 19, "eis que este não estava e de fato não está em condições de saúde, depoimento esse que foi realizado sem autorização de sua família ou de seus advogados (que sequer se faziam presentes no ato) bem como sem que houvesse autorização médica por escrito validando a sua consecução".

"Todos esses elementos probatórios a serem produzidos somados às estarrecedoras filmagens realizadas pela imprensa e que capturaram o exato momento das investidas contra Carlos e ao depoimento das testemunhas oculares, revelam que o caso concreto não encerra mero episódio de agressão, mas sim de possível tentativa homicídio qualificado", argumentam os advogados.

"E assim se afirma porque quem pratica condutas como aquela retratada nestes autos, mediante concurso de agentes e subjugando a vítima indefesa até que a mesma, após sofrer vários golpes, seja derradeira e intencionalmente empurrada contra veículos que trafegam na pista de rolagem, assume o risco de produzir o resultado mais gravoso, qual seja, o evento morte, homicídio por dolo eventual, o qual, cite-se, não se consumou por situação alheia à vontade dos agentes."

Os dois criminalistas demonstram perplexidade com a celeridade do inquérito.

"De qualquer forma, intrigante a maneira e a velocidade com as quais relatado o inquérito policial, até porque, como dito, havia petição expressa dos defensores de Carlos, representado por sua esposa, sra. Terezinha do Carmo Aguiar Quaresma, objetivando a produção de provas complementares, infelizmente ignoradas em prol de uma suposta e até agora injustificada celeridade, não sendo esse, diga-se, o padrão observado nas investigações conduzidas pela competente Polícia Civil Bandeirante."

Bialski e Júnior arrolaram duas "testemunhas oculares" da agressão, uma identificada por José Roberto Leal Figueiredo, a outra com nome mantido em sigilo sob argumento de que "teme por sua vida e de seus familiares".