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Bairro de Mariana que sumiu na lama será refeito

Bento Rodrigues coberta de lama após rompimento de barragem em novembro de 2015 - AP/F. Dana
Bento Rodrigues coberta de lama após rompimento de barragem em novembro de 2015 Imagem: AP/F. Dana

Aline de Almeida, especial para a AE

Belo Horizonte

06/07/2018 07h46

Dois anos e oito meses após o maior desastre ambiental brasileiro, famílias de Bento Rodrigues, em Mariana (MG), receberam nesta quinta-feira (5), a notícia de que a reconstrução da vila devastada pela lama da Samarco está mais próxima. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad) concedeu à Fundação Renova o licenciamento ambiental para as obras de loteamento do novo distrito.

"É uma virada de página para os moradores, que tanto sofrimento tiveram com esse acidente", disse o secretário de Meio Ambiente de Minas, Germano Vieira. Segundo ele, a Licença Prévia, a Licença de Instalação e a Licença de Operação foram obtidas em fase única, para acelerar o processo.

O reassentamento vai ocupar uma área de aproximadamente 98 hectares e deverá preservar as características originais e os aspectos patrimoniais, urbanísticos e culturais de Bento Rodrigues, sobretudo a relação de vizinhança, de acordo com a Renova, fundação criada pela mineradora para cuidar da recuperação dos danos provocados pelo rompimento da barragem de Fundão, em novembro de 2015.

Serão entregues lotes com tamanho igual ou superior a 250 metros quadrados - e haverá adaptações para quem possuía imóveis maiores. A expectativa é de concluir os trabalhos no segundo semestre do próximo ano. O projeto urbanístico foi aprovado pelos moradores no dia 8 de fevereiro e enviado à Semad em maio. Para o presidente da Associação de Moradores de Bento Rodrigues, o operador de máquina aposentado José do Nascimento de Jesus, de 72 anos, a autorização "tirou um peso do nosso coração". "Já faz dois anos e meio, a gente nessa dificuldade, nessa luta. Então, levar essa notícia para a comunidade é motivo de muito orgulho, muita satisfação. Eu não choro, porque tenho de rir de alegria."

Indagado se houve demora, ele preferiu não criticar as autoridades. Para ele, "o mais difícil foi sair do desastre com a vida". "Deus existe e estava com a gente. Quem viu o que eu vi, saindo com uma caminhonete com 15 pessoas, a lama atrás... Eu pensei: 'Vai morrer muita gente'." Oficialmente, a tragédia deixou 19 mortos.

As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".