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Doria muda estilo, troca figurino e busca união em 1º mês no governo de SP

Ernesto Rodrigues/Estadão Conteúdo
Imagem: Ernesto Rodrigues/Estadão Conteúdo

Adriana Ferraz e Fabio Leite

São Paulo

04/02/2019 08h49

Sem roupa de gari ou bota de carpinteiro. O figurino do governador João Doria (PSDB-SP) inclui agora terno e gravata, seja em agendas externas ou em compromissos no Palácio dos Bandeirantes. Menos marketing e mais despachos internos. O primeiro mês de governo mostra uma nova face do empresário que há dois anos virou prefeito da capital. O autointitulado "gestor" assumiu o papel de político que agora tenta se mostrar fiel a acordos e protagonista em seu partido.

No seu segundo cargo público, Doria mudou não só o estilo, mas também a estratégia. Abandonou a postura mais agressiva que marcou o período eleitoral até seu discurso de posse, carregado de críticas à "velha política". Agora adotou um tom conciliador, pregando respeito à história do partido que governa o estado há 24 anos.

No mês passado, Doria recebeu para almoços o ex-governador Geraldo Alckmin, presidente nacional da sigla, e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. No cardápio, o projeto de eleger o ex-deputado federal Bruno Araújo (PE) como sucessor de Alckmin na eleição de maio e levar o partido a uma guinada à direita, ou "sintonizá-lo com os anseios da população", como tem dito.

Obter consenso para a escolha de Araújo foi ainda tema de conversas com o ex-senador Aloysio Nunes, que ganhou cargo no governo, e outros tucanos que visitaram Doria em São Paulo: Eduardo Leite e Yeda Crusius, atual e ex-governadora do Rio Grande do Sul. Nos próximos dias, o encontro será com Tasso Jereissati (CE), que estuda se lançar candidato ao comando da legenda tucana.

Aliados não escondem que no horizonte de Doria está a sucessão presidencial em 2022, tema sobre o qual ele diz não ser o momento de discutir. Para isso, chamou sete ex-ministros do governo de Michel Temer para seu secretariado. Entre eles está o ex-prefeito da capital Gilberto Kassab (PSD), que se licenciou do cargo para se defender de acusações de corrupção no âmbito da Lava Jato.

A manutenção de Kassab no governo ilustra a nova fase de Doria. Ele não teria exonerado Kassab para passar um recado de credibilidade à classe política. O sinal é considerado necessário depois da disputa que travou com Alckmin pela vaga de candidato ao Planalto.

Com tanto tempo dedicado a política, Doria desacelerou o ritmo de ações de governo em relação ao início de 2017. Com menos de um mês como prefeito de São Paulo, ele havia criado 18 programas. Até agora no comando do Estado foram três projetos, sendo o principal deles o "SP Mais Seguro", que amplia o número de policiais nas ruas.

Publicamente, aliados afirmam que as mudanças se dão pelo peso do cargo. "Ser prefeito é como ser um síndico da cidade. É preciso ficar atento sempre ao dia a dia. Já a função de governador é diferente, é mais macro. Mas isso não quer dizer que as cobranças vão diminuir, pelo contrário", diz o secretário de Infraestrutura e Meio Ambiente, Marcos Penido.

Para o prefeito tucano de São Bernardo do Campo, Orlando Morando, Doria colocou roupa de gari no início de sua gestão de prefeito para dar exemplo. "Para o governo, as pessoas têm outra expectativa. É metrô, segurança pública. Problemas mais complexos", completou. Procurado, Doria optou por não comentar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.