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Empresa que transportava Boechat não tinha autorização para táxi aéreo

Priscila Mengue

11/02/2019 18h50

A empresa proprietária do helicóptero que caiu nesta segunda-feira (11) em São Paulo e vitimou o jornalista Ricardo Boechat não tinha autorização para realizar transporte remunerado de passageiros. Em 2018, a RQ Helicópteros foi multada em R$ 8 mil por um processo aberto em 2011 pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O piloto Ronaldo Quattrucci, vítima da queda da aeronave ao lado de Boechat, era sócio-proprietário da empresa, sediada em Santana de Parnaíba, na região metropolitana.

Após a queda desta segunda-feira, a Anac abrirá um procedimento administrativo para "apurar o tipo de transporte que estava sendo realizado no momento do acidente". "A empresa possui autorização da ANAC para prestar Serviços Aéreos Especializados (SAE), que incluem aerofotografia, aeroreportagem, aerofilmagem, entre outros do mesmo ramo. (...). Qualquer outra atividade remunerada fora das mencionadas não poderia ser prestada", diz em nota.

O processo foi aberto por "promoção de propaganda irregular de serviços de voos panorâmicos remunerados" em um site, embora fosse autorizada apenas para realizar "serviços aéreos de aerofotografia, aeroreportagem e aerocinematografia". Mesmo após a decisão, a empresa continua anunciando os serviços de táxi aéreo e voos panorâmicos em seu site.

Além disso, o processo relata que uma das aeronaves da empresa foi flagrada realizando voos panorâmicos "utilizando aeronave inadequada e sem autorização da autoridade de aviação civil". "A RQ Serviços Aéreos Ltda não é uma empresa certificada e autorizada a realizar serviços aéreos de transporte de passageiros", diz a decisão. O jornal O Estado de S. Paulo tentou entrar em contato com a RQ Helicópteros, mas não obteve retorno.

11.fev.2019 - Partes do helicóptero onde estava o jornalista Ricardo Boechat são vistas na Rodovia Anhanguera. Aeronave caiu e matou o apresentador da Band e o piloto - Danilo Verpa/Folhapress - Danilo Verpa/Folhapress
Partes do helicóptero onde estava o jornalista Ricardo Boechat são vistas na Rodovia Anhanguera
Imagem: Danilo Verpa/Folhapress

Helicóptero estava regular, diz Anac

Ainda segundo a Anac, a aeronave que caiu estava em situação regular, com estava com o Certificado de Aeronavegabilidade (CA) válido até maio de 2023 e a Inspeção Anual de Manutenção (IAM) em dia até maio de 2019. O helicóptero, de matrícula PT-HPG, foi fabricado pela Bell Helicopter.

Por meio de nota, a TAM Aviação Executiva, representante de vendas da Bell no Brasil desde 2004, disse que a empresa já enviou uma equipe para o local da queda. "Sobre o acidente do helicóptero Bell 206 Jet Ranger, ocorrido hoje (...), fomos informados pela Bell que seu funcionário, representante técnico no Brasil, foi acionado para ir ao local do acidente e colaborar com o CENIPA para a investigação. Qualquer questionamento adicional deve ser encaminhado ao referido órgão (CENIPA)."

Ainda de acordo com a Anac, Ronaldo Quatrucci estava com as licenças e habilitações de piloto comercial de helicóptero (PCH) válidas. "As investigações sobre as causas do acidente estão sendo conduzidas pelo Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA IV), órgão regional do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), do Comando da Aeronáutica", diz em nota.

O helicóptero voltava de Campinas, onde Boechat tinha ido dar uma palestra no Centro de Convenções do Royal Palm Plaza para 2,7 mil pessoas. O evento era promovido pela empresa farmacêutica Libbs, que seria a responsável pelo transporte. Procurada, a empresa disse que se posicionaria em breve.

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