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Alvo de críticas, ministro Santos Cruz se reúne com Bolsonaro no Palácio da Alvorada

O ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Alberto dos Santos Cruz - DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO
O ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Alberto dos Santos Cruz Imagem: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO

Camila Turtelli

Em Brasília

05/05/2019 20h59

O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Alberto Santos Cruz, deixou nesta noite de domingo o Palácio da Alvorada, onde esteve reunido por cerca de uma hora e meia com o presidente Jair Bolsonaro. Santos Cruz deixou o local sem conversar com a imprensa.

A visita do ministro não estava inicialmente na agenda de Bolsonaro, mas o encontro foi atualizado no documento no início da noite.

O ministro tem sido alvo de ataques nas redes sociais neste fim de semana. A hashtag #ForaSantosCruz é um dos assuntos mais comentados no Twitter hoje. O movimento que pede a saída do general começou, mais uma vez, por causa de ataques feitos no sábado e neste domingo pelo escritor Olavo de Carvalho.

O guru bolsonarista disse que Santos Cruz "fofoca e difama pelas costas". Hoje, Carvalho ainda escreveu "Controlar a internet, Santos Cruz? Controlar a sua boca, seu m...". O xingamento seria uma referência a uma entrevista concedida pelo ministro à jornalista Vera Magalhães, publicada pelo 'Estado' há exatamente um mês.

Na entrevista de abril, ao responder de que maneira as redes sociais podem ajudar o governo e não ser fonte de ruído, Santos Cruz afirmou que as redes podem até ser um instrumento importante de governo para a divulgação das suas ideias, dos seus projetos, mas que precisaria aprimorar a legislação.

"Isso tem de ser feito. Mas tem de usar com muito cuidado, para evitar distorções, e que vire arma nas mãos dos grupos radicais, sejam eles de uma ponta ou de outra. Tem de ser disciplinado, até a legislação tem de ser aprimorada, e as pessoas de bom senso têm de atuar mais para chamar as pessoas à consciência de que a gente precisa dialogar mais, e não brigar", disse em abril.

Neste domingo, Bolsonaro foi às redes sociais para falar sobre o mesmo assunto. "Em meu governo, a chama da democracia será mantida sem qualquer regulamentação da mídia, aí incluídas as sociais. Quem achar o contrário, recomendo um estágio na Coreia do Norte ou Cuba", escreveu o presidente.

Outros membros do governo entraram na discussão. O ministro da Justiça, Sérgio Moro, também falou sobre as mídias. "O ponto, bom lembrar que não fosse a vitória eleitoral do presidente Jair Bolsonaro, estaríamos hoje sob 'controle social' da mídia e do Judiciário e que estava expresso no programa da oposição 'democrática'. Aliás, @jairbolsonaro reafirmou hoje o compromisso com a liberdade da palavra." Para alguns, as postagens foram interpretadas como uma resposta a Santos Cruz.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.