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Governadores do NE moderam discurso em 1º encontro após polêmica de Bolsonaro

14.nov.2018 - Governador da Paraíba, João Azevedo - João Azevedo no Facebook
14.nov.2018 - Governador da Paraíba, João Azevedo Imagem: João Azevedo no Facebook

Yuri Silva, especial para a AE

Salvador

29/07/2019 13h36

O governador da Paraíba, João Azevedo (PSB), equilibrou o discurso ao comentar mais uma vez a declaração pejorativa do presidente da República Jair Bolsonaro sobre o Nordeste, ocasião na qual foi flagrado chamando os governadores da região de "paraíba".

Durante sua chegada à reunião do Consórcio dos Estados do Nordeste, que acontece hoje em Salvador, Azevedo evitou ataques diretos a Bolsonaro. "São águas passadas", amenizou, apesar de classificar o episódio como "infeliz, extremamente infeliz".

"Para a gente, são águas passadas. Não interessa esse tipo de disputa. Para os governadores, interessa ter uma relação republicana e de respeito, que os Estados merecem. Merecem pelo povo nordestino. E é isso que nós vamos buscar", afirmou o governador paraibano.

"Os governadores representam, acima de tudo, a voz desse povo que exige respeito do governo federal, que, a partir de suas demandas apresentadas, quer solução para isso. E isso nós vamos buscar. A relação republicana, independente de quem esteja sentado na cadeira de presidente, ela tem que estar acima de qualquer outro tipo de relação", pregou o pessebista.

O governador ainda fez piada com a situação, dizendo que terá que anexar "Paraíba" ao seu nome. "Durante a campanha, toda as vezes que eu me apresentava eu dizia que meu nome era João. Depois disso eu passei agora a ser também João Paraíba", riu Azevedo.

Essa foi a primeira vez que os governadores do Nordeste, fechados em um consórcio regional, se reúnem desde as declarações polêmicas de Bolsonaro. Na ocasião, o grupo emitiu nota criticando o uso do termo "paraíba" de forma pejorativa pelo presidente. Agora, contudo, o tom do discurso político foi moderado.

Questionado se o consórcio tinha o objetivo de sanar a dificuldade de repasse de verbas do governo federal para o Nordeste, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), também evitou ser incisivo, fugindo de polêmica.

"O objetivo é na verdade ajudar o Brasil a crescer, a superar a crise, um país que vive infelizmente há 5 anos em crise e o motivo principal eu considero que é a falta de confiança no país, a falta de segurança jurídica e institucional. E nós não podemos cruzar os braços. Essas ações são para alavancar a economia e sobrar um pouco de recurso. Nós não podemos ficar esperando, já que o Brasil não acena, não aponta a retomada do crescimento", disse Costa, ao chegar à reunião do bloco regional, sem citar diretamente o governo federal ou o presidente da República.

O governador petista viu-se envolvido, na última semana, em polêmica com o presidente por ocasião da inauguração do Aeroporto de Vitória da Conquista, terceiro maior município da Bahia. Ambos reivindicam a "paternidade" da obra e trocaram frases ofensivas.

A obra, que foi executada com maioria de recursos federais e uma contrapartida do governo da Bahia, foi autorizada durante o governo Dilma Rousseff (PT). A briga pelos "louros" do novo aeroporto gerou a desistência do governador baiano de participar da inauguração.

O petista afirmou que o governo federal não deu convites suficientes para seus correligionários e chamou o ato de "palanque político-partidário". Já Bolsonaro, que aproveitou a ocasião para posar ao lado do prefeito de Salvador ACM Neto (DEM), inimigo político de Rui Costa, reclamou publicamente porque o governador não enviou efetivos da PM para a segurança do evento.

A reunião do Consórcio dos Estados do Nordeste, que conta com a presença de sete dos nove governadores da região, também é a primeira após a oficialização do bloco, que teve seu CNPJ registrado nas últimas semanas. Não estão presentes o cearense Camilo Santana e o alagoano Renan Filho, que enviaram para a agenda os seus vice-governadores Izolda Cela e Luciano Barbosa, respectivamente.

Entre as pautas do encontro estão a criação de uma Central de Compras para a realização de licitações conjuntas entre os Estados nordestinos, a criação de um programa de formação de médicos que supra as necessidades deixadas pelas mudanças do programa Mais Médicos pelo governo federal, a aprovação de um planejamento estratégico para os próximos 12 meses, além da organização de viagens internacionais que serão feitas pelo grupo.

De acordo com Rui Costa, já estão definidas visitas dos governadores, em novembro, à Alemanha, Itália, Espanha e França, com o objetivo de fazer negócios com investidores em torno de obras e do turismo regional. Em seguida, ainda sem data definida, também estarão na agenda viagens à Ásia, passando por China, pelas Coreias e pela Rússia.

O petista não conseguiu estimar a economia que será feita pela região com licitações conjuntas, mas afirma que itens da área de saúde e educação, como remédios, aparelhos de diagnósticos e insumos hospitalares, serão mais baratos por causa da larga escala. Ao todo, os Estados nordestinos reúnem um universo de 55 milhões de habitantes.