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Polícia investiga maníaco sexual por crimes em série no Distrito Federal

A advogada Letícia Sousa Curado é uma das vítimas de possível assassino em série - Arquivo Pessoal
A advogada Letícia Sousa Curado é uma das vítimas de possível assassino em série Imagem: Arquivo Pessoal

José Maria Tomazela

28/08/2019 21h26

O homem acusado de matar a advogada Letícia Sousa Curado Melo, 26, funcionária do Ministério da Educação (MEC), na última sexta-feira (23), é apontado pela Polícia Civil do Distrito Federal como um possível assassino em série. De acordo com investigadores, o cozinheiro Marinésio dos Santos Olinto, 41, pode ser o autor de pelo menos dez crimes sexuais registrados ao redor de Brasília.

Além da morte de Letícia, ele já teria confessado, de acordo com a polícia, o estupro e assassinato da empregada doméstica Genir Pereira de Sousa, 47. Ele é suspeito de ter matado uma terceira mulher e outras nove teriam acusado Olinto de crimes sexuais.

Após a prisão, Marinésio foi acusado de tentativa de estupro por duas irmãs, de 18 e 21 anos. Na noite do último sábado (24), elas saíram de uma festa em Planaltina e foram abordadas pelo cozinheiro, que se apresentou como motorista de transporte alternativo. As vítimas contaram à polícia que, no caminho, ele passou a mão nas pernas de uma delas, que estava no banco da frente e parou o carro. Uma das irmãs usou uma panela de preparar algodão doce que estava no banco de trás para se defender. As duas conseguiram fugir.

No último dia 11, uma jovem de 23 anos teria sido ameaçada pelo motorista, após pegar um transporte "pirata" no Terminal Rodoviária de Planaltina. Com o veículo em movimento, segundo relato da vítima, o suspeito teria tentado estuprá-la. A jovem pulou do carro em movimento. Ela procurou a polícia depois de reconhecer Marinésio por uma foto, após a divulgação da prisão e da morte de Letícia.

Uma adolescente de 17 anos também procurou a polícia na companhia da mãe para contar que reconheceu o cozinheiro como o homem que a teria estuprado em abril deste ano. Conforme o relato, a garota seguia para um ponto de ônibus, após as aulas, em Paranoá, quando foi abordada pelo suspeito. Com uma faca, ele teria obrigado a jovem a entrar em um carro e a violentou. Marinésio ainda tentou estrangular a garota. O boletim de ocorrência do estupro foi registrado em julho.

Sequestro

Marinésio também é investigado como o possível sequestrador da doméstica Gisvania Pereira dos Santos, 33, desaparecida em 6 de outubro do ano passado, em Sobradinho, região administrativa do Distrito Federal. Uma irmã dela procurou a polícia depois de ver o noticiário sobre os crimes do cozinheiro. Uma câmera de um posto de gasolina flagrou quando o motorista de um carro branco insistiu para que ela entrasse no veículo. A mulher nunca mais foi vista.

No bairro em que morava com a mulher e uma filha de 16 anos, no Vale do Amanhecer, em Planaltina, o cozinheiro era considerado um homem pacato. De acordo com a polícia, no entanto, os moradores mais antigos relatam que há dez anos ele teria tentado estuprar uma vizinha, para quem deu carona. Desde a prisão, a casa está fechada. Sentindo-se ameaçadas, a mulher e a filha se mudaram.

Hoje, a Polícia Civil do DF pediu que mulheres ou familiares de possíveis vítimas do maníaco procurem os órgãos policiais para registrar boletim de ocorrência. Segundo o órgão, será garantida toda privacidade. De acordo com o delegado Veluziano de Castro, que investiga a morte de Letícia, casos de ataques contra mulheres sem autoria conhecida estão sendo revistos. "Estamos revendo inquéritos de 2014 e 2015 que estavam em vias de arquivamento por falta de indícios dos suspeitos", disse.

Carona

Segundo o delegado, o cozinheiro teria um padrão de agir, atraindo vítimas que estão à procura de transporte. Foi o que teria acontecido no caso de Genir e no mais recente, que culminou com a morte de Letícia. As duas foram mortas por asfixia, após terem aceitado a "carona" oferecida pelo suspeito. De acordo com a investigação, a funcionária do MEC foi atacada quando saiu para trabalhar. A advogada morava com o marido e o filho de 3 anos em um apartamento do Setor Arapoanga, em um bairro de Planaltina.

O delegado disse que Letícia conhecia Marinésio de vista, pois às vezes eles tomavam o mesmo ônibus. Ainda de acordo com a polícia, Marinésio viu a jovem no ponto de ônibus e ofereceu uma carona. Durante o trajeto, ele a teria assediado e, como a jovem rejeitou a investida, foi estrangulada. A perícia vai esclarecer se o estupro foi consumado, crime que Marinésio nega. O corpo foi abandonado à margem da rodovia DF-250. Letícia foi sepultada ontem, em Planaltina, em meio a manifestações contra os abusos.

Ainda segundo o delegado, assim que Marinésio foi preso pelo assassinato da advogada, os policiais estabeleceram a ligação dele com a morte de Genir. Ela trabalhava em uma pizzaria e, no dia 2 de junho, saiu de casa e não chegou para o trabalho. O corpo foi achado dez dias depois em uma mata, entre a pizzaria e o local em que ela morava, em Planaltina. Imagens de câmeras mostram o veículo do cozinheiro passando pelo local em que Genir desapareceu.

O cozinheiro foi transferido nesta quarta-feira, 28, para a carceragem do Departamento de Polícia Especializada. Ele será submetido ao reconhecimento por outras possíveis vítimas. Ele deve responder por homicídio qualificado, pelos assassinatos de Genir e Letícia, podendo receber pena de 12 a 30 anos em cada caso. Marinésio também pode responder por estupro nos casos de mulheres que relataram as violências, com penas previstas de de 6 a 10 anos por crime.

A reportagem procura pelos defensores de Marinésio dos Santos Olinto.