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PT sofre para ter nomes fortes em 2020, apesar de orientação de Lula

22.nov.2019 - O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva na abertura do 7º Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) - VILMAR BANNACH/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
22.nov.2019 - O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva na abertura do 7º Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) Imagem: VILMAR BANNACH/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Ricardo Galhardo

São Paulo

02/12/2019 07h31

Uma das primeiras orientações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao PT assim que deixou a cadeia, há três semanas, foi para que o partido lance o maior número possível de candidatos a prefeito em 2020, principalmente nas cidades onde há horário eleitoral na TV. Lula quer aproveitar a eleição municipal para fazer a defesa dos governos petistas e dele mesmo. No entanto, a falta de candidatos competitivos, negativas por parte de velhos quadros da legenda e interesses políticos dos caciques regionais dificultam o cumprimento da orientação.

Em São Paulo, maior cidade do País, o PT ainda procura candidato. Uma ala importante da sigla, liderada por Lula, investe na volta da ex-prefeita Marta Suplicy. Eles sabem que a manobra é arriscada, mas acreditam que, com o aval de Lula, a articulação pode vingar. Do contrário, deve voltar a pressão para que Fernando Haddad assuma a tarefa. O ex-prefeito já disse várias vezes que não quer ser candidato. Ele argumenta que precisa organizar sua vida pessoal e que três eleições em um prazo de seis anos é muita coisa - ele concorreu, em 2016, à reeleição à Prefeitura e, em 2018, à Presidência.

O cenário se repete em Belo Horizonte, onde o deputado Patrus Ananias, citado explicitamente por Lula, está reticente. Patrus diz que prefere se concentrar em temas nacionais em vez de disputar a prefeitura da capital mineira, cargo que já ocupou. Parte do PT mineiro defende que o partido apoie a deputada Áurea Carolina (PSOL).

No Rio, a deputada Benedita da Silva, também citada por Lula, é outra que resiste em disputar. Segundo o presidente do PT fluminense, Washington Quaquá, o partido vai seguir a orientação de Lula e encomendar pesquisas. Enquanto isso, continua negociando com Marcelo Freixo (PSOL). "Benedita é mais forte na periferia. Freixo, na zona sul. Podemos ir tocando duas candidaturas próprias e lá na frente chegarmos a uma candidatura única e forte", disse Quaquá.

Em Porto Alegre, nenhum dos três ex-prefeitos petistas citados por Lula como alternativas a uma aliança com Manuela D'Avila (PC do B) se animou. Dirigentes nacionais apostam no apoio à ex-vice de Haddad. Em Curitiba, por falta de nomes, o PT deve apoiar Roberto Requião (MDB).

Já em Salvador, o PT trabalha para filiar o presidente do Esporte Clube Bahia, Guilherme Bellintani, mas o governador Rui Costa pretende usar a eleição do ano que vem para fortalecer sua base na Assembleia Legislativa. Costa pode ter até três candidatos. Um deles é o deputado Pastor Sargento Isidório (Avante). "É possível que seja um candidato da aliança. O PT já tem o candidato na maior cidade do interior, que é Feira de Santana", disse o senador Jaques Wagner (PT-BA).

Segundo o deputado José Guimarães (PT-CE), coordenador do Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) do partido, o PT "dificilmente deixará de ter candidato" em pelo menos dez capitais, a maior parte no Nordeste. Guimarães inclui São Paulo, Belo Horizonte e Salvador na lista, ao lado de Recife, Fortaleza, Manaus, Goiânia, Natal, Aracaju e Teresina. "Queremos candidaturas competitivas, para ganhar. Os principais quadros, aqueles que têm compromisso com o PT, não podem se esconder."

A ideia, afirma Guimarães, é nacionalizar a disputa nas principais cidades, transformando a eleição municipal de 2020 em uma ponte para derrotar Jair Bolsonaro em 2022.

A ordem de Lula para lançar o maior número possível de candidatos não inviabiliza alianças com outros partidos de esquerda e serve para cacifar a legenda no momento das definições. "Você acha que alguém vai querer negociar conosco se não colocarmos nossos nomes? Primeiro coloca os nomes. A segunda etapa é negociar", disse ele.

Jaques Wagner concorda. "Lula está falando para ter candidatos no maior número de cidades possível, não em todas. Essa conclusão de que é uma política de alianças estreita, na minha opinião, está equivocada."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Errata: este conteúdo foi atualizado
Haddad concorreu à reeleição à prefeitura de São Paulo em 2016, e não 2015 como publicado anteriormente. A informação foi corrigida.