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Ao ir a manifestação, Bolsonaro contrariou médicos e auxiliares

Bolsonaro faz self em meio a apoiadores, rompendo anunciado isolamento em razão da possibilidade de contaminação por coronavírus - Reprodução/Redes sociais
Bolsonaro faz self em meio a apoiadores, rompendo anunciado isolamento em razão da possibilidade de contaminação por coronavírus Imagem: Reprodução/Redes sociais

Jussara Soares

Brasília

15/03/2020 21h11

A decisão do presidente Jair Bolsonaro de ir ao encontro dos manifestantes no ato pró-governo hoje contrariou sua equipe médica e foi reprovada até mesmo por aliados próximos. Em caráter reservado, eles criticaram a atitude de Bolsonaro, que cumprimentou apoiadores com as mãos e fez selfies com o rosto colado, atitudes contrárias às orientações dadas pelo Ministério da Saúde.

Fontes da área de saúde admitiram ainda que esperavam que, apesar do comportamento impulsivo do presidente, dessa vez ele seguisse o protocolo diante do avanço da pandemia no Brasil, que já registra 200 casos. "Você acha que alguém tem coragem de peitar o presidente?", disse uma fonte, sob condição de anonimato.

Neste domingo, subiu para onze o número de infectados no grupo que acompanhou Bolsonaro na viagem a Flórida, nos Estados Unidos, na semana passada. Além dos onze brasileiros, o prefeito de Miami, Francis Suarez, que recepcionou a comitiva brasileira, também está com a covid-19.

Na sexta-feira, 13, médicos da Presidência orientaram que Bolsonaro, apesar de testar negativo para o coronavírus, ficasse em quarentena pelo menos até a terça-feira, 17. Nesta data, se completa sete dias da volta de Bolsonaro dos Estados Unidos ao Brasil, portanto o último contato sabido com pessoas infectadas.

Outros integrantes que viajaram no avião presidencial ou estiveram com Bolsonaro nos Estados Unidos confirmaram que também foram orientados a ficar em autoisolamento, mesmo com resultado negativo para o coronavírus. Assim como o presidente, eles foram informados que terão de refazer o exame.

Ao divulgar neste domingo que quatro integrantes da equipe de apoio do voo presidencial testaram positivo para o coronavírus, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) confirmou a orientação de quarentena mesmo para quem não está infectado.

"Os demais componentes (da comitiva), cujos testes apresentaram resultados negativos, continuarão no autoisolamento, cumprindo o protocolo determinado pelas autoridades sanitárias", diz a nota do GSI.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.