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Mandetta diz que não ouviu fala de Bolsonaro sobre demissão: 'Estou dormindo'

Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
Imagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Mateus Vargas

Brasília

05/04/2020 21h29Atualizada em 05/04/2020 22h54

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), se esquivou dos recados dados hoje pelo presidente Jair Bolsonaro, que sinalizou que poderia demitir do governo quem está "se achando".

Questionado pela reportagem cerca de uma hora após as declarações, Mandetta afirmou que ainda não tinha visto a frase. "Eu estou dormindo", disse, parecendo bocejar ao telefone. "Amanhã eu vejo, tá?", completou, antes de encerrar a ligação.

Mais cedo, Bolsonaro disse a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada que "algo subiu na cabeça" de alguns de seus subordinados, mas que a "hora deles vai chegar". "A minha caneta funciona", afirmou o presidente.

"Algumas pessoas no meu governo... Algo subiu a cabeça deles. Estão se achando. Eram pessoas normais, mas de repente viraram estrelas. Falam pelos cotovelos, têm provocações. Mas a hora deles não chegou ainda. Não tenho medo de usar a caneta, e ela vai ser usada para o bem do Brasil", disse.

Bolsonaro escancarou seu descontentamento com Mandetta na última semana. O presidente disse que falta "humildade" ao ministro e, embora tenha afirmado que não pretende dispensá-lo "no meio da guerra", ressaltou que ninguém é "indemissível" em seu governo.

O protagonismo do auxiliar diante da crise envolvendo a pandemia do coronavírus já vinha incomodando o presidente há algum tempo. Questionado pelo jornal O Estado de S. Paulo sobre as declarações de Bolsonaro feitas na última quinta-feira, 2, Mandetta respondeu: "Trabalho, lavoro, lavoro", repetindo a palavra que significa "trabalho" em italiano.

No dia seguinte às declarações do chefe, Mandetta disse que continuaria no governo, afirmando que um médico não abandona o seu paciente. O incômodo de Bolsonaro não está restrito apenas à insistência de Mandetta em apoiar as quarentenas decretadas pelos estados.

O presidente também está extremamente irritado com o crescimento da popularidade de seu ministro, enquanto vê sua reprovação crescer entre a população, como atestam as pesquisas desta última semana.