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Vice-PGR pede ao STF investigação contra Weintraub por racismo contra chineses

Ministro da Educação, Abraham Weintraub, no Palácio do Planalto -
Ministro da Educação, Abraham Weintraub, no Palácio do Planalto

Luiz Vassallo

São Paulo

14/04/2020 18h35

O vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, pediu ao Supremo Tribunal Federal a abertura de inquérito contra o ministro da Educação, Abraham Weintraub, pelo crime de preconceito, em razão de publicação irônica contra a China - o ministro insinuou que o país asiático vai sair "fortalecido" da crise atual causada pelo coronavírus, apoiado por seus "aliados no Brasil". Em seguida, ele apagou a publicação.

"Quem são os aliados no Brasil do plano infalível do Cebolinha (personagem criado por Maurício de Sousa) para dominar o mundo?", questiona. Em sua postagem, o ministro usa uma imagem dos personagens da Turma da Mônica ambientada na Muralha da China e, substituindo a letra "r" pela letra "l", faz referência ao modo de falar de Cebolinha, para insinuar que se trata dos chineses.

Após a declaração nas redes sociais, o PSOL e um cidadão comum fizeram requerimentos à Procuradoria-Geral da República para investigar o ministro.

Após analisar esses documentos, Medeiros afirmou que as "peças de informação revelam que o Ministro de Estado da Educação, Abraham Bragança de Vasconcellos Weintraub, teria veiculado no dia 4 de abril próximo passado, e posteriormente apagado, manifestação depreciativa, com a utilização de elementos alusivos à procedência do povo chinês, no perfil que mantém na rede social Twitter".

Diante disso, a PGR pede diligências, como "a preservação" e a posterior obtenção dos dados referentes ao acesso que possibilitou a prática supostamente delituosa, abrangendo o número de IP utilizado para o acesso à aplicação de internet que a viabilizou, os registros ("log") relacionados ao acesso do responsável pela postagem, bem como o e-mail usado por ocasião da criação do perfil @AbrahamWeint'.

Após a manifestação de Weintraub, a Embaixada da China no Brasil repudiou sua publicação. "Deliberadamente elaboradas, tais declarações são completamentes absurdas e desprezíveis, que têm cunho fortemente racista e objetivos indizíveis, tendo causado influências negativas no desenvolvimento saudável das relações bilaterais China-Brasil", diz a nota divulgada no Twitter da Embaixada. O comunicado afirma ainda que "o lado chinês manifesta forte indignação e repúdio a esse tipo de atitude".