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Patriota tenta conter racha provocado por Bolsonaro com nova convenção

Depois de seu filho Flávio, Bolsonaro negocia a entrada no Patriota para disputar a reeleição em 2022 - Adriano Machado/Reuters
Depois de seu filho Flávio, Bolsonaro negocia a entrada no Patriota para disputar a reeleição em 2022 Imagem: Adriano Machado/Reuters

Vera Rosa

Brasília

11/06/2021 19h53Atualizada em 11/06/2021 20h17

Dez dias após vir a público o racha no Patriota, o presidente do partido, Adilson Barroso, convocou nova convenção nacional para a próxima segunda-feira (14), na tentativa de evitar que a briga inviabilize a filiação de Jair Bolsonaro. O presidente negocia a entrada no Patriota para disputar a reeleição, em 2022, mas as mudanças promovidas no estatuto do partido para permitir o controle de diretórios da legenda por seus aliados são alvo de contestação na Justiça.

O edital convocando outra convenção do partido, "na modalidade virtual e/ou presencial", foi publicado nesta sexta-feira (11), tendo como pauta "proposta de filiação de interesse político-partidário nacional", adequação e alteração do estatuto interno e criação de um Conselho Político, entre outros assuntos.

A primeira convenção do Patriota que promoveu mudanças no estatuto e alterou a composição da cúpula partidária ocorreu no dia 31, em Barrinha, no interior paulista. Na ocasião, o senador Flávio Bolsonaro (RJ), filho do presidente, anunciou sua filiação ao Patriota.

As trocas na direção do partido, com alguns desligamentos compulsórios, foram classificadas como "golpe" e "intervenção" por uma ala da legenda, integrada pelo vice-presidente, Ovasco Resende, e pelo secretário-geral, Jorcelino Braga.

Os dissidentes, muitos deles vindos do antigo PRP — que se fundiu com o Patriota —, recorreram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na tentativa de barrar as mudanças, consideradas irregulares. Apesar de ver "elevada gravidade" nas acusações, o ministro Edson Fachin, vice-presidente do TSE, disse que o assunto deveria ser remetido à Justiça comum.

Cartório se recusou a registrar ata

O Cartório do Primeiro Ofício de Notas do Distrito Federal se recusou a registrar a ata da convenção do dia 31, como informou o Estadão. Em nota emitida nesta quinta-feira (10), o cartório apresentou uma lista de nove exigências para o partido regularizar a situação e cobrou documentos para provar que havia quórum qualificado naquele encontro.

Alertado de que a briga jurídica poderia demorar e acabar prejudicando a entrada de Bolsonaro no Patriota, Barroso preferiu, então, convocar nova convenção, anulando o encontro anterior.

A filiação do presidente não precisa passar pelo crivo do diretório, como passou anteriormente. Mas Barroso quis fazer um gesto político. "Foi tudo irregular, tanto que ele não conseguiu registrar a ata da convenção em cartório", disse Jorcelino Braga. "Eu já esperava esse racha, mas estou tentando acalmar os correligionários. É um suicídio não aceitar essa benção que Deus está nos dando e recusar Bolsonaro no partido. Ele é a nossa salvação".