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Médico a favor da cloroquina ouvido pela CPI da Covid é alvo do INSS

Infectologista Francisco Cardoso, defensor da cloroquina, será ouvido hoje pela CPI da Covid - HeungSoon/Pixabay
Infectologista Francisco Cardoso, defensor da cloroquina, será ouvido hoje pela CPI da Covid Imagem: HeungSoon/Pixabay

Fabiana Cambricoli

São Paulo

18/06/2021 07h48Atualizada em 18/06/2021 08h55

Indicado pelo governo para falar hoje na CPI da Covid a favor do chamado tratamento precoce, o infectologista Francisco Cardoso é investigado pelo INSS e pelo Ministério da Economia por suspeitas de irregularidades no recebimento de auxílio-doença entre 2019 e 2021.

Cardoso passou todo o ano de 2020 supostamente afastado do trabalho por sequelas de um problema de saúde neurológico. Apesar de ter assegurado o salário como perito, no final de 2019, deu entrada no auxílio no INSS na condição de médico autônomo.

O primeiro benefício foi concedido em abril de 2019, com duração de quatro meses. O auxílio foi prorrogado por um ano, até setembro de 2020, mas o médico recebeu o pagamento até fevereiro de 2021, quando solicitou nova renovação, mas teve o pedido negado.

Durante o período que se dizia incapaz de exercer a profissão, porém, Cardoso teria atendido pacientes, segundo ele próprio relatou, o que configuraria fraude no recebimento do benefício. Em audiência online da Câmara neste ano, ele disse ter atendido cerca de mil pacientes com covid.

Enquanto estava de licença, Cardoso ainda participou de dezenas de lives, uma delas com a participação de Bolsonaro, e outros médicos suspeitos de indicar o chamado "gabinete paralelo", grupo de médicos críticos a vacinas e favoráveis ao tratamento precoce que estariam assessorando de maneira informal a gestão Bolsonaro sobre as ações na pandemia.

O Ministério da Economia afirmou que foi autuado processo para apurar possíveis irregularidades e, se comprovadas, as penalidades legais previstas são de advertência, suspensão ou demissão. Procurado, Cardoso não se manifestou até a conclusão desta edição.

As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.