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Ciro Nogueira colocou irmã de chefe do Cade, chamado de 'meu menino', em subsidiária do BB

Ministro-chefe da Casa Civil trata chefe do Cade, Alexandre Cordeiro, como "meu menino" - Adriano Machado/Reuters
Ministro-chefe da Casa Civil trata chefe do Cade, Alexandre Cordeiro, como 'meu menino' Imagem: Adriano Machado/Reuters

Vinícius Valfré, Julia Affonso, Guilherme Pimenta e Lorenna Rodrigues

16/04/2022 08h01

O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), emplacou no conselho de uma subsidiária do Banco do Brasil a advogada Sabá Cordeiro Filha, sua chefe de gabinete na pasta e irmã do presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Alexandre Cordeiro.

Como revelou o Estadão, o ministro trata o chefe do Cade como "meu menino" e defende que a atuação do aliado é importante, pois "não podemos perder a maioria". O colegiado é responsável por julgar suspeitas de cartéis e fusões de empresas bilionárias.

A oficialização de Sabá como integrante do Conselho Fiscal da BB Investimentos, subsidiária do banco público especializada no mercado de capitais, é de 29 de novembro. Como conselheira, ela participa de reuniões mensais e precisa analisar e emitir pareceres sobre relatórios contábeis.

Entretanto, o currículo dela não indica qualquer expertise na área fiscal ou em gestão de investimentos. Com registro na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-DF) cancelado a pedido, ela dizia assessorar o marketing de Ciro, no Senado.

Sabá assumiu pela primeira vez a chefia de gabinete do senador, hoje ministro, ainda em 2013. Na época, Cordeiro era secretário executivo do Ministério das Cidades e logo em seguida seria nomeado por Ciro na terceira secretaria do Senado. De lá, começaria sua ascensão no Cade até a presidência do órgão, o que conseguiu sob o governo Jair Bolsonaro.

Experiência

Sabá responde pela chefia de gabinete na Casa Civil desde agosto, pouco depois de o líder do Centrão se aliar a Bolsonaro e ser nomeado para o primeiro escalão do governo. Na documentação que apresentou ao BB, ela destacou ter "especialização em Desenvolvimento Gerencial e em Administração Pública". No currículo entregue à Casa Civil afirmou ter "ampla experiência na área de projetos legislativos e políticas públicas, com ênfase em segurança pública e defesa do consumidor" e ter atuado "na área de estratégia de comunicação e marketing institucional".

A função de conselheira rende o pagamento de jetons mensais de R$ 4,9 mil. O valor se soma ao salário de R$ 10,1 mil que recebe pelo cargo de confiança.

Sabá é mais um exemplo do poder que Ciro exerce em setores estratégicos do governo, com o aval do presidente. É dele o controle de áreas nas quais suspeitas de corrupção têm vindo à tona, como é o caso do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

Procurado, Ciro Nogueira não se manifestou até a conclusão desta edição.

'Requisitos legais'

Em nota, o Banco do Brasil afirmou que a chefe de gabinete de Ciro "atende a todos os requisitos técnicos e legais" para ocupar o cargo na instituição. A experiência profissional e a formação técnica e acadêmica da conselheira "foram submetidas ao Comitê de Elegibilidade da empresa, que estabelece critérios rigorosos para exercício do cargo". O banco também destacou que o "currículo da conselheira correspondeu plenamente às exigências da Lei das Estatais e do decreto 8945, que regulamenta a atuação de gestores em sociedades anônimas".