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Eventual Grexit teria efeito limitado, diz economista

03/07/2015 20h22

Por Lucas Rizzi SÃO PAULO, 03 JUL (ANSA) - Motivo de instabilidade nos mercados internacionais ao longo dos últimos dias, uma eventual saída da Grécia da zona do euro teria um efeito localizado, segundo o coordenador do curso de ciências econômicas da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), Paulo Dutra.   

A chamada "Grexit" (junção das palavras "Grécia" e "saída", em inglês) seria o resultado mais extremo de uma possível vitória do "não" no referendo sobre austeridade que o país realizará no próximo domingo (5).   

"Esse cenário ficaria muito mais contido na Grécia, não vejo tanto efeito hoje como teria três ou quatro anos atrás. O efeito seria muito mais político. Não estou falando que seja pouco, isso é muito", explica o economista.   

Convocada pelo primeiro-ministro Alexis Tsipras, a consulta popular decidirá se o governo deve aceitar ou não as exigências da Comissão Europeia, do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Central Europeu (BCE) - a ex-Troika - para ter acesso a um pacote de resgate de mais de 7 bilhões de euros.   

Na reta final da campanha para a votação, as pesquisas apontam uma população bastante dividida sobre o tema. Contudo, apesar da possibilidade de saída da zona do euro existir, o próprio premier tem manifestado seu desejo de permanecer na moeda comum, mas com menos austeridade.   

Para Dutra, o sistema financeiro está muito mais preparado para absorver o impacto de uma Grexit, e isso só afetaria o Brasil caso a crise contaminasse outras nações que estão promovendo ajustes, como Espanha, Itália e Portugal. "Mas isso é só em último caso, seria o cenário mais drástico", diz.   

Além disso, o professor acredita na possibilidade de a Grécia ficar no euro, até pelas dificuldades que encontraria caso voltasse ao dracma. Embora passasse a ter controle sobre sua política monetária, podendo desvalorizar o câmbio para aumentar a competitividade e as exportações em curto prazo, o país deixaria de receber investimento estrangeiro direto e teria um encarecimento da sua já elevadíssima dívida, atualmente em aproximadamente 180% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.   

A nação também vem sofrendo uma redução drástica na formação bruta de capital fixo, ou seja, nos investimentos em parques e máquinas para recuperar sua indústria. Em 2008, esse número era de 25% do PIB, mas caiu para 12% em 2013. "Ou seja, a matriz industrial grega está ficando sucateada. O país não teria capacidade de aumentar as exportações de sua produção manufaturada para atender rapidamente a uma demanda externa", conclui o coordenador da Faap. (ANSA)
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