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Em crise, Veneza estuda vender quadros para pagar dívidas

09/10/2015 16h46

VENEZA, 09 OUT (ANSA) - Enfrentando uma grave crise financeira, a cidade italiana de Veneza estuda leiloar alguns quadros do riquíssimo acervo cultural de seus museus para pagar dívidas.   

A informação foi divulgada em primeira mão pelo diário econômico "Il Sole 24 Ore" e não foi negada pela Prefeitura, que, no entanto, ressaltou que nenhuma decisão foi tomada até o momento.   

Por meio de uma nota, o prefeito Luigi Brugnaro, eleito no último mês de junho, afirmou que, para preservar o município, pode ser necessária a venda de obras não ligadas à sua história.   

Entre os quadros que correm o risco de serem leiloados estariam um do austríaco Gustav Klimt, o célebre "Judith II (Salomé)" - avaliado em 70 milhões de euros -, e um do russo-francês Marc Chagall, "O Rabino de Vitebsk", ambos situados no museu cívico de Ca' Pesaro. O dinheiro arrecadado com todas as peças poderia render mais de 700 milhões de euros aos cofres públicos.   

"A situação orçamentária de Veneza é conhecida por todos, portanto existe a vontade de fazer um aprofundamento nesse sentido. Na falta de outros recursos, a necessária salvaguarda da cidade poderia passar pela renúncia a algumas obras de arte cedíveis", diz o comunicado de Brugnaro.   

Um dos municípios mais belos do mundo deve fechar 2015 com um déficit de 64 milhões de euros no orçamento. Recentemente, o prefeito lançou um apelo ao presidente da Itália, Sergio Mattarella, dizendo que a cidade estava "caindo aos pedaços".   

Brugnaro alega ter apenas 200 mil euros em caixa para manutenções ordinárias, mas precisaria de aproximadamente 40 milhões. "Acho que foi apenas uma brincadeira ou, mais compreensivelmente, uma meia ameaça para pedir mais recursos ao governo", declarou o ministro da Cultura do país, Dario Franceschini.   

De fato, as normas do Código de Bens Culturais italiano praticamente impossibilitam a alienação de obras de arte pertencentes a museus ou entidades públicas. Peças individuais até podem ser vendidas, mas apenas com autorização prévia do Ministério da Cultura e desde que não comprometa o conjunto da galeria onde se situam.   

Tanto "Judith II (Salomé)" quanto "O Rabino de Vitebsk" são considerados quadros de destaque da coleção do Ca' Pesaro, portanto, inalienáveis. (ANSA)
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