Topo

Rússia desconversa sobre uso de armas químicas por Assad

25/08/2016 20h53

SÃO PAULO, 25 AGO (ANSA) - Um dia após a Organização das Nações Unidas (ONU) ter divulgado um relatório no qual afirma que o governo de Bashar al Assad e o grupo terrorista Estado Islâmico (EI) usaram armas químicas na Síria, a Rússia disse que a conclusão do documento não é uma surpresa.   

"Podemos admitir isso agora. Obviamente, não foi uma revelação para nós que os militantes do Daesh [como também é conhecido o EI] tinham armas químicas. Eles as usaram não só no Iraque, mas também na Síria", afirmou a porta-voz do ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, nesta quinta-feira (25).   

No entanto, ela evitou comentar as acusações contra Assad, que tem Moscou como um de seus principais aliados. Já o embaixador da Rússia nas Nações Unidas, Vitaly Churkin, afirmou que a conclusão do documento é "muito importante" porque normalmente "o que se ouve falar sobre uso de armas químicas é uma tentativa de atribuir tudo ao governo da Síria".   

Contudo, perguntado sobre eventuais ataques do regime de Assad, Churkin desconversou e disse que o estudo é "muito complicado" e "técnico", por isso deve ser melhor analisado antes que conclusões sejam tiradas.   

No relatório, elaborado junto à Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq), há indícios de que armamentos tóxicos foram usados em pelo menos nove ações, embora o documento só tenha identificado os autores de três delas.   

Em duas, as armas foram usadas pelo governo Assad: nos ataques à vila de Talmenes em 21 de abril de 2014 e ao vilarejo de Sarmin em 16 de março de 2015. Em ambos os casos, helicópteros jogaram gás cloro sobre os povoados.   

Já o Estado Islâmico foi responsabilizado pelo ataque a Marea, perto de Aleppo, no dia 21 de agosto de 2015, quando foi usado gás mostarda.   

Aleppo - O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) afirmou que ao menos 15 pessoas morreram nesta quinta-feira no bairro rebelde de Bab al-Nayrab, em Aleppo, após a explosão de barris lançados de helicópteros.   

De acordo com a entidade, os mortos são quatro mulheres e 11 crianças, entre elas um bebê de dois meses e uma menina de três anos. Segundo os moradores da área, os ataques teriam sido realizados pelas forças de Assad, que nega as acusações.   

As mortes aconteceram no mesmo dia em que a Rússia concordou em realizar um cessar-fogo de 48 horas na cidade de Aleppo. No entanto, de acordo com a ONU, os outros países ligados ao conflito ainda têm que aceitar a trégua.   

Sobre o assunto, a Casa Branca afirmou que está disposta a apoiar as tentativas de paz das Nações Unidas e que acha positivo o comportamento de Moscou, mas admite que seu foco é interromper as hostilidades por um período permanente e envolvendo também outras cidades sírias.   

Turquia - No segundo dia de ataques ao município de Jarablus, o Exército da Turquia afirmou que o território, que já foi tomado do Estado Islâmico, será protegido até que as forças curdas atravessem por completo o rio Eufrates, deixando a região.   

As operações de Ancara tinham como intuito declarado "livrar" a cidade do EI, mas também atacar o grupo Unidade de Proteção Popular (YPG), o braço-armado do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que poderia aproveitar a expulsão dos jihadistas para transformar a região em uma área de maior autonomia curda.   

No entanto, o Ministério de Relações Exteriores da Turquia afirmou que o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, disse ao chanceler Mevlut Cavusoglu que as forças curdo-sírias já começaram a atravessar o Eufrates, principal demanda do governo de Ancara.   

Na quarta-feira, o vice-presidente norte-americano, Joe Biden, esteve na Turquia e alertou o curdos de que o YPG iria perder apoio dos Estados Unidos se não se retirasse de Jarablus. (ANSA)
Veja mais notícias, fotos e vídeos em www.ansabrasil.com.br.