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Em defesa de referendo, Renzi pede fim de divisões na Itália

10/10/2016 13h11

MILÃO, 10 OUT (ANSA) - Em campanha pela aprovação da reforma constitucional na Itália, que será votada em referendo no dia 4 de dezembro, o primeiro-ministro Matteo Renzi participou de um evento em Milão nesta segunda-feira (10) e pediu o fim das "divisões" no país.   

"Estou convencido de nosso potencial desde que a Itália deixe de ser a pátria das divisões e comece a ser a pátria da visão", disse o premier a uma plateia formada por representantes de vários setores da economia italiana em assembleia da Assolombarda.   

Lembrando de como chegou ao cargo de primeiro-ministro, Renzi reforçou a importância da reforma constitucional como forma de dar estabilidade e critérios à política do país. "Sou presidente do Conselho há dois anos e meio. O fato de que eu tenha me tornado o presidente do Conselho, e não falo isso brincando, significa que na Itália tudo é possível. Não venho de uma família importante e não tenho traços de nobreza. E depois desses dois anos e meio, eu digo que estou ainda mais convencido das nossas potencialidades", disse o premier.   

Segundo Renzi, a Itália atual não permite que "o 'não' continue sendo proposto sem apresentar alternativas". Além disso, os italianos ficaram "quase ausentes" dos debates dos problemas europeus e a União Europeia criou "regras financeiras" que defendem "os interesses de todos os países que estão dominando" o bloco.   

Renzi reafirmou ainda, como fez durante a viagem aos Estados Unidos, de que o modelo de política econômica que deve ser seguido é o norte-americano, não o europeu.   

No entanto, é esperado para hoje que líderes da "minoria" de sua sigla, o Partido Democrático (PD), anunciem sua contrariedade ao referendo. Um dos que devem anunciar sua rejeição à reforma é Pier Luigi Bersani, uma das maiores figuras da legenda. Porém, Renzi não teme essa rejeição.   

"Bersani votou três vezes por essa reforma. Essa reforma eu não escrevi sozinho, ela ficou dois anos e quatro dias no Parlamento. Bersani a votou três vezes então se ele mudar de ideia, qualquer um poderá dar a sua opinião", afirmou Renzi.   

- A reforma: Fruto de dois anos de discussões e idas e vindas no Parlamento, a chamada "Lei Boschi", em referência a sua autora, a ministra Maria Elena Boschi, reescreve boa parte da Constituição, principalmente aquela referente ao sistema político. Se for aprovado, entre outros pontos, o projeto determinará o fim do bicameralismo paritário, ou seja, apenas a Câmara dos Deputados continuará com o papel de aprovar leis e votar a confiança ao governo. Já o Senado, apesar de manter seu nome atual, será transformado em uma espécie de "câmara das autonomias", com funções muito menores que as atuais. A reforma também abolirá a figura das províncias, ente subordinado ao Ministério do Interior e que está entre os municípios e as regiões. Outros pontos importantes são a criação de prazos para que o Parlamento vote projetos do governo, a definição explícita das funções dos governos nacional e regionais, a extinção do Conselho Nacional de Economia e Trabalho (Cnel) e a mudança na forma de eleger o presidente da República. (ANSA)
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