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Garota afegã imortalizada por revista é presa no Paquistão

Sharbat Gula em foto (esq.) que foi capa da National Geographic e em imagem divulgada nesta quarta-feira (26) pela Agência de Investigação Federal do Paquistão (FIA) ao ser presa - Steve McCurry/Magnum Photos e AFP/FIA
Sharbat Gula em foto (esq.) que foi capa da National Geographic e em imagem divulgada nesta quarta-feira (26) pela Agência de Investigação Federal do Paquistão (FIA) ao ser presa Imagem: Steve McCurry/Magnum Photos e AFP/FIA

Em Islamabad

26/10/2016 07h20

A polícia do Paquistão prendeu nesta quarta-feira (26), em Peshawar, no nordeste do país, Sharbat Gula, refugiada afegã de olhos verdes imortalizada em uma capa da revista "National Geographic" em 1985.

Protagonista de uma das fotos mais célebres da história, ela é acusada de falsificar o documento de identidade paquistanês.

Gula já era investigada desde 2015, quando descobriu-se que ela vivia no país usando documentos falsos com o nome de Sharbat Bibi.

No entanto, por ser afegã, a refugiada não teria permissão para portar o cartão de identidade do Paquistão. Para isso, ela teria burlado o sistema informatizado do país.

A refugiada afegã será levada para uma prisão para mulheres, onde vai aguardar até que um tribunal veja seu caso, e pode pegar uma pena de até sete anos de prisão.

Gula foi retratada pelo fotógrafo Steve McCurry em 1984, quando tinha acabado de chegar ao campo de refugiados de Peshawar, fugindo da guerra soviética no Afeganistão.

Na época, ela tinha apenas 12 anos, e a foto estampou a capa da "National Geographic" em junho de 1985. Seu olhar intenso voltado à câmera fez com que ela fosse chamada de "Mona Lisa do Terceiro Mundo".

Depois de 17 anos, em 2002, McCurry reencontrou Gula vivendo no campo de refugiados de Nasir Bagh, também no Paquistão, e a fotografou novamente. O retrato foi publicado na mesma revista e a mostra com os olhos magnéticos que a tornaram famosa no mundo inteiro.

O Paquistão abriga 1,4 milhão de afegãos registrados legalmente e outros 900 mil em situação ilegal, o que os transforma em uma das maiores e mais antigas comunidades de deslocados do mundo que começou a chegar a território paquistanês com a invasão soviética em 1979.

Cerca de 456 mil desses refugiados retornaram ao Afeganistão neste ano, a grande maioria nos últimos três meses, perante o ultimato do governo paquistanês para que abandonem o país.