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Da ascensão à queda: a meteórica carreira de Renzi

04/12/2016 23h35

ROMA, 04 DEZ (ANSA) - Primeiro-ministro mais jovem na história da Itália, Matteo Renzi mostrou que seu ímpeto e agressividade são capazes de vitórias maiúsculas, mas também de levá-lo a derrotas contundentes, como a deste domingo (4), quando 60% dos eleitores rejeitaram uma reforma política na qual ele havia apostado todo o seu capital político.   

Nascido em Florença, no dia 11 de janeiro de 1975, Renzi é formado em direito e alcançou o sucesso na vida pública prometendo lutar contra a classe política tradicional, o que lhe rendeu o apelido de "rottamatore", ou "reciclador". Logo em sua primeira eleição, em 2004, conquistou a presidência da província de Florença, cargo que exerceu até 2009, quando foi eleito prefeito da capital da Toscana.   

No comando de uma das cidades mais célebres da Itália, ganhou projeção nacional e chegou a ser escolhido o "prefeito mais amado do país". A administração bem avaliada lhe deu força para disputar a liderança do Partido Democrático (PD), principal sigla de centro-esquerda na península, em 2012, mas ele acabou derrotado pelo então secretário da legenda, Pier Luigi Bersani.   

Apesar disso, Renzi continuou fortalecendo seu movimento de "reciclagem" e, nas primárias do ano seguinte, foi eleito para comandar o PD com 67,5% dos votos. Na época, o primeiro-ministro era seu correligionário Enrico Letta, cujo governo patinava nas chantagens de Silvio Berlusconi. Acusando o colega de não acelerar as reformas necessárias ao país, articulou para o partido retirar seu apoio ao premier e o derrubou.   

Como consequência, o então presidente da Itália, Giorgio Napolitano, o convocou para formar um novo governo, que tomou posse em fevereiro de 2014. Renzi tinha 39 anos, tornando-se o mais jovem premier na história da Itália. De lá para cá, aprovou uma série de reformas, como a trabalhista, a da lei eleitoral e a educacional, apesar do Parlamento fragmentado. Mas não foi sem polêmicas.   

Em seu percurso, o primeiro-ministro se aliou a Berlusconi e depois o dispensou, brigou com a ala mais à esquerda do PD, desafiou sindicatos e blindou quase todos os seus projetos de lei com o voto de confiança para barrar uma avalanche de emendas que poderia levar a discussões infindáveis no Congresso.   

Criticado pela agressividade e acusado de atropelar os trabalhos do Parlamento, Renzi sempre se defendeu com o argumento de que a Itália precisava sair do pântano o mais rapidamente possível e não podia perder anos e anos discutindo uma lei. Foi essa postura que usou para garantir a aprovação da reforma constitucional. O projeto passou pelo Congresso, mas as feridas ficaram.   

Confiante na vitória, Renzi convocou um referendo para garantir o apoio popular à reforma, porém a oposição aproveitou para mostrar à enorme parcela de descontentes com a lenta recuperação do país que a consulta popular era uma oportunidade de derrubar o governo. O discurso colou e impôs ao premier a maior derrota de sua curta e meteórica carreira. Com apenas 41 anos, o florentino de improvisos e frases de efeito, ao mesmo tempo arrojado e pragmático, viveu seu auge na política, mas agora precisará renovar seu ímpeto para que a queda não seja irreversível. (ANSA)
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