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Rússia reforça apoio a líder de milícia na Líbia

O país de Vladimir Putin enviou cerca de 200 mercenários à Líbia nas últimas semanas, incluindo atiradores de elite - Alexander Zemlianichenko/AP
O país de Vladimir Putin enviou cerca de 200 mercenários à Líbia nas últimas semanas, incluindo atiradores de elite Imagem: Alexander Zemlianichenko/AP

06/11/2019 11h57

WASHINGTON, 06 NOV (ANSA) - Em meio ao cenário de fragmentação vivido pela Líbia desde a queda de Muammar Kadafi, a Rússia reforçou seu apoio militar ao general Khalifa Haftar, que controla a porção oriental do país africano e tenta derrubar o governo reconhecido oficialmente pelas Nações Unidas (ONU).

Segundo reportagem do jornal The New York Times, o Kremlin enviou cerca de 200 mercenários russos à Líbia nas últimas seis semanas, incluindo atiradores de elite. O grupo seria ligado a Yevgeny Prigozhin, incriminado nos EUA por tentar interferir na eleição de 2016 e sancionado em função da guerra no leste da Ucrânia.

De acordo com o NYT, o maior envolvimento de Moscou no país africano é parte de sua campanha para aumentar a própria influência no Oriente Médio e no norte da África.

A presença dos mercenários foi confirmada ao jornal por funcionários líbios e diplomatas ocidentais. Uma "assinatura" característica desses grupos russos também fortalece essa conclusão: balas de armas de fogo que não atravessam o corpo da vítima.

Haftar controla boa parte da Líbia, principalmente o leste, mas desde o primeiro semestre conduz uma ofensiva para tomar a capital Trípoli e o litoral oeste do país, hoje nas mãos do governo de união nacional chefiado pelo primeiro-ministro Fayez al-Sarraj.

Essa guerra de milícias, que se arrasta desde a deposição de Kadafi, é um dos fatores para a explosão no número de migrantes forçados que cruzam o Mediterrâneo em barcos clandestinos rumo à Itália.

Haftar também conta com o apoio do Egito e dos Emirados Árabes Unidos e chefia o Exército Nacional Líbio, conjunto de milícias leal a um governo paralelo estabelecido em Tobruk. Crítico do Islã político, o general é ex-aliado de Kadafi e se inspira no regime do presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, que deu um golpe militar em 2013 para derrubar a Irmandade Muçulmana.

Já Sarraj tem a seu lado as milícias de Trípoli e Misurata, além do apoio distante da ONU e da maior parte da comunidade internacional. A Líbia não possui hoje um Exército constituído nem sequer pode ser considerada um Estado unitário.