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Itália se despede de embaixador e policial mortos na República Democrática do Congo

25.fev.2021 - Oficiais carregam caixões do embaixador italiano Luca Attanasio e do policial Vittorio Iacovacci em seus funerais de estado - Vincenzo Pinto/AFP
25.fev.2021 - Oficiais carregam caixões do embaixador italiano Luca Attanasio e do policial Vittorio Iacovacci em seus funerais de estado Imagem: Vincenzo Pinto/AFP

Em Roma

25/02/2021 08h03

Com a presença do alto escalão político da Itália, uma basílica de Roma realizou hoje o funeral do embaixador Luca Attanasio e do policial militar Vittorio Iacovacci, mortos em uma tentativa de sequestro na República Democrática do Congo.

A cerimônia, realizada na Basílica de Santa Maria dos Anjos e dos Mártires, teve honras de Estado para as duas vítimas, cujos caixões foram cobertos por bandeiras italianas.

O funeral foi fechado para o público, mas teve as presenças do premiê Mario Draghi, dos ministros Lorenzo Guerini (Defesa), Luigi Di Maio (Relações Exteriores), Luciana Lamorgese (Interior) e Giancarlo Giorgetti (Desenvolvimento Econômico), e dos presidentes da Câmara dos Deputados, Roberto Fico, e do Senado, Maria Elisabetta Casellati.

"Há angústia pelos tantos homens enfeitiçados pelo dinheiro, que tramam a morte do irmão. Há angústia porque a Justiça é falha. Luca Attanasio e Vittorio Iacovacci foram arrancados deste mundo pelas garras de uma violência feroz que provocará outras dores. Do mal, vem apenas outro mal", disse o cardeal Angelo De Donatis, vigário-geral do papa Francisco para Roma.

Após o funeral, um pequeno grupo de cidadãos que aguardava do lado de fora da igreja aplaudiu os caixões.

O ataque

Attanasio, embaixador na República Democrática do Congo desde 2017, e Iacovacci viajavam em um comboio do Programa Mundial de Alimentos da ONU que visitaria um projeto de distribuição de comida em escolas.

Pouco depois de deixar a cidade de Goma, no leste do país, a comitiva foi atacada por seis homens armados em uma estrada dentro do Parque Nacional Virunga, santuário natural do Congo e palco da atuação de milícias que disputam a riqueza mineral da região.

Os agressores teriam obrigado os veículos a parar colocando obstáculos na estrada e disparando tiros no ar. Os disparos, no entanto, alertaram os soldados das Forças Armadas do Congo e os guardas florestais de Virunga, que estavam a menos de um quilômetro de distância e se dirigiram para o local.

Nesse momento, os agressores assassinaram o motorista congolês Mustapha Milambo e levaram o restante do grupo para a floresta.

Quando os guardas intimaram os agressores a se render, estes teriam disparado contra Iacovacci, que morreu na hora, e Attanasio, que ainda chegou a ser levado a um hospital, mas não resistiu aos ferimentos.

O governo da RDC responsabiliza as Forças Democráticas pela Libertação de Ruanda (FDLR), grupo que tenta derrubar o presidente do país vizinho, Paul Kagame. As FDLR, no entanto, negaram envolvimento e disseram que os culpados devem ser buscados nos exércitos do Congo e de Ruanda.

A autópsia realizada em Roma indicou que Attanasio e Iacovacci não foram "executados", mas sim morreram durante um "tiroteio".

Cada um foi atingido por dois disparos, e especialistas identificaram pelo menos uma bala de fuzil Kalashnikov, arma bastante usada por milícias.