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Papa lamenta que mulheres grávidas sofram rejeição no trabalho

Citando o baixíssimo índice de nascimentos na Itália, Francisco saudou que o país tenha adotado o auxílio único e universal para cada filho - VINCENZO PINTO / AFP
Citando o baixíssimo índice de nascimentos na Itália, Francisco saudou que o país tenha adotado o auxílio único e universal para cada filho Imagem: VINCENZO PINTO / AFP

14/05/2021 10h42Atualizada em 14/05/2021 11h09

CIDADE DO VATICANO, 14 MAI (ANSA) - O papa Francisco lamentou nesta sexta-feira (14) que muitas mulheres precisam esconder a gravidez para que não sejam punidas de alguma forma pelo mercado de trabalho. A fala ocorreu durante um evento virtual sobre natalidade promovido pelo Fórum das Associações Familiares da Itália e que também contou com a presença do premiê italiano, Mario Draghi.

"Penso com tristeza nas mulheres que, em seus trabalhos, são desencorajadas a terem filhos ou precisam esconder a barriga.

Como é possível que uma mulher precise ter vergonha pelo dom mais belo que a vida pode oferecer? Não a mulher, mas a sociedade deve se envergonhar porque uma sociedade que não acolhe a vida deixa de viver. Os filhos são a esperança de fazer renascer um povo", disse o líder católico.

Citando o baixíssimo índice de nascimentos na Itália, Francisco saudou que o país tenha adotado o auxílio único e universal para cada filho que nascer.

"Exprimo satisfação com as autoridades e desejo que esse auxílio venha ao encontro das necessidades concretas das famílias, que tantos sacrifícios já fizeram e estão fazendo, e que seja um sinal do início das reformas sociais que coloquem no centro os filhos e as famílias".

Em sua vez, Draghi destacou que é preciso que o Estado invista nas mulheres porque "a consciência da importância de ter filhos é um produto da melhora das condições das mulheres, e não antiético a sua emancipação". "O Estado deve acompanhar essa consciência e continuar a investir nas melhorias das condições das mulheres. E colocar a sociedade - mulheres e homens - capazes de terem filhos", acrescentou.

O premiê ainda ressaltou que "uma Itália sem filhos é uma Itália que não acredita e não planeja, uma Itália destinada a envelhecer e desaparecer lentamente".

Segundo Draghi, o auxílio para as famílias é algo "histórico" e que entrará em vigor já em julho deste ano para os profissionais autônomos e desempregados. "Em 2022, nós estenderemos a todos os outros trabalhadores, que verão um aumento nos auxílios existentes", acrescentou.

A lei do auxílio único e universal prevê o pagamento de até 250 euros por filho menor de idade até que ele complete 21 anos.

Para as famílias que tenham filhos com deficiências físicas ou mentais, o auxílio será vitalício e terá um acréscimo de 30% a 50% do valor.

A Itália acumula cinco anos consecutivos de queda no número de sua população, em fato que foi agravado pela pandemia de Covid-19. Conforme documento divulgado pelo Instituto Nacional de Estatísticas (Istat), 2020 foi o ano que registrou a menor quantidade de nascimentos da história (pouco mais de 404 mil) e também o que mais registrou mortes desde o fim da Segunda Guerra Mundial.