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Itália prende 3 pessoas por tragédia em teleférico que matou 14

Teleférico caiu na cidade de Stresa, na região do Piemonte, na Itália - Handout / Vigili del Fuoco / AFP
Teleférico caiu na cidade de Stresa, na região do Piemonte, na Itália Imagem: Handout / Vigili del Fuoco / AFP

26/05/2021 07h37Atualizada em 26/05/2021 13h02

A Itália prendeu hoje três pessoas envolvidas na queda de uma cabine do teleférico de Stresa, localizado na região do Piemonte, no último domingo (23) e que causou a morte de 14 pessoas.

Entre os detidos, está Luigi Nerini, gestor da empresa Ferrovia do Mottarone, que tinha a administração do teleférico, e o engenheiro Enrico Perocchio.

A Procuradoria de Verbânia descobriu durante as investigações que o freio de emergência, chamado de "garfo" e que fica na cabine, não foi ativado propositalmente para evitar que toda a estrutura do teleférico ficasse paralisada por muito tempo.

As procuradoras Olimpia Bossi e Laura Carrera e o comandante provincial da Arma dos Carabineiros de Verbânia, tenente coronel Alberto Cicognani, informaram que os três detidos confirmaram a ação deliberada e disseram que o equipamento estava com problema há cerca de um mês e meio.

"Havia um mau funcionamento no teleférico, foi chamada a manutenção, que não resolveu o problema ou o resolveu em parte.

Para evitar novas interrupções do serviço, eles escolheram não ativar o 'garfo', o que impediu que o freio de emergência entrasse em funcionamento", disse Cicognani à "RAI Tre".

Como o sistema de freios de emergência não foi ativado no momento em que um dos cabos da estrutura se rompeu, a cabine acabou descendo a mais de 100km/h e, ao chegar no primeiro poste que segurava a estrutura, foi lançada ao ar por 54 metros, caindo próxima a um bosque após rolar no chão por alguns metros.

As investigações ainda constataram que o freio que ficava dentro da cabine foi adulterado. Bossi explicou que o "garfo", ou seja o distribuidor que mantém as sapatas do freio em uma distância que conseguem frear o cabo de transporte em caso de alguma quebra, "não foi removido e ativado".

Bossi ainda afirmou que o "desenvolvimento da investigação" chegou em um ponto "muito grave e inquietante" e que agora os demais funcionários do teleférico serão investigados para saber quem mais sabia de um problema tão grave.

O chefe da Secretaria Nacional para os Entes Locais, Francesco Boccia, afirmou que "se as hipóteses da Procuradoria forem verdadeiras, nós estaremos perante a um caso gravíssimo, deplorável e imperdoável".

"A segurança nunca pode ser considerada um custo pesado, uma perda de tempo ou uma chatice burocrática que atrapalha o negócio. Sem segurança não há negócios e, quem não aceita isso, não merece ter uma empresa", acrescentou.

A tragédia no teleférico Stresa-Mottarone ocorreu no início da tarde do domingo, por volta das 13h. Segundo o que foi apurado, a cabine chegou na área de desembarque, teve um solavanco e começou a descer de ré.

Dos 15 passageiros a bordo, que eram de cinco famílias, apenas um menino de 5 anos sobreviveu. Eitan está em estado grave na UTI do hospital da Cidade da Saúde de Turim.

A boa notícia é que o pequeno foi retirado do coma induzido nesta quarta-feira e está respondendo bem ao tratamento. Segundo o diretor-geral da unidade hospitalar, Giovanni La Valle, uma tia da criança está ao lado dele.

No incidente, Eitan perdeu os pais e os dois irmãos.