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Enviado dos EUA ao Haiti critica ações contra migrantes e pede demissão

Na imagem: imigrantes haitianos atravessam o Rio Grande, na divisa dos EUA com o México - John Moore/Getty Images North America/Getty Images via AFP
Na imagem: imigrantes haitianos atravessam o Rio Grande, na divisa dos EUA com o México Imagem: John Moore/Getty Images North America/Getty Images via AFP

Em Nova York (EUA)

23/09/2021 11h50Atualizada em 23/09/2021 11h53

O enviado especial dos Estados Unidos para o Haiti, Daniel Foote, anunciou hoje a própria demissão, por não concordar com o "tratamento desumano" dado para aos migrantes haitianos que tentam entrar no território norte-americano.

Em carta enviada ao secretário de Estado, Antony Blinken, Foote afirmou que não quer ser associado "com as decisões desumanas e contraproducentes" tomadas por Washington para "repatriar milhares de refugiados e imigrantes ilegais haitianos para o Haiti".

Na carta, Foot ainda pontuou que, no Haiti, "funcionários norte-americanos precisam ficar confinados em complexos protegidos por conta do perigo provocado por gangues armadas".

Ainda conforme o representante, a ilha "está afundada na pobreza e refém do terror" e ele não pode aceitar a repatriação de "milhares de migrantes que retornarão sem comida, casa ou dinheiro, em uma tragédia humana evitável".

"Mais refugiados irão alimentar ainda mais o desespero e o crime", acrescentou.

A renúncia ocorre em um momento bastante controverso da administração do presidente Joe Biden, que, desde a última semana, começou a fretar voos de repatriação com milhares de haitianos que foram presos na fronteira com o México ao tentar entrar ilegalmente nos EUA.

Além disso, imagens divulgadas pela mídia norte-americana mostram que agentes do Texas chegaram a usar chicotes contra pessoas que tentavam fazer a travessia. Estima-se que entre 10 e 13 mil haitianos estejam no local.

Ainda sem ter se recuperado dos danos provocados por um terremoto de 7 graus na escala Richter em 2010, que provocou mais de 200 mil mortes e danos bilionários, o Haiti vive uma grave crise política após o assassinato do presidente Jovenel Moise, em julho deste ano.

Além disso, um outro terremoto, de 7,2 graus na escala Richter, atingiu o país em agosto e deixou mais de 2,2 mil mortos e 137,5 mil casas destruídas.

A nação é considerada a mais pobre da América e do Caribe, com cerca de 60% da população vivendo abaixo da linha da pobreza, de acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas).

E, entre os 189 países da lista de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), o Haiti aparece na 170ª posição.