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Missão de Annan é última chance de evitar guerra civil na Síria, diz presidente russo

25/03/2012 20h42

O presidente da Rússia, Dmitry Medvedev, ofereceu apoio total à missão do enviado especial da ONU e da Liga Árabe à Síria, Kofi Annan, e disse que esta pode ser a última chance de evitar uma guerra civil na Síria.

"Esta pode ser a úlima chance de evitar uma longa e sangrenta guerra civil", disse Medvedev durante a reunião deste domingo com Annan em Moscou.

"Esperamos que seu trabalho tenha um resultado positivo", acrescentou.

"A Síria tem uma oportunidade hoje de trabalhar comigo para encerrar o conflito, a luta, e permitir acesso para aqueles que precisam de ajudar humanitária", disse Annan durante a reunião.

O governo russo pediu que Annan trabalhe com o governo da Síria e com os oposicionistas para tentar encerrar a onda de violência que já dura um ano no país.

Em uma reunião ocorrida antes do encontro com Medvedev, o ministro do Exterior russo, Sergey Lavrov, destacou "a necessidade de encerrar a violência de todos os lados e estabelecer um amplo diálogo" na Síria.

Segundo uma declaração divulgada depois da reunião entre Lavrov e Annan, o ministro pediu também que a comunidade internacional coopere com a missão de Annan ao país.

"Isto significa nenhuma interferência com os negócios internos da Síria e a não admissão de apoio a apenas um lado do conflito", informou a declaração.

Annan visita a Rússia para tentar obter apoio ao seu plano de paz para a Síria.

O enviado especial da ONU chegou no sábado em Moscou para convencer o governo russo a ter uma posição mais firme contra as operações do governo sírio. Na próxima semana, ele vai até a China que, como a Rússia, tem apoiado a Síria na ONU.

Plano de paz

Kofi Annan fez uma proposta de plano de paz com seis pontos principais, entre eles, o pedido para que o governo sírio suspenda imediatamente o uso de armamentos pesados em áreas populosas.

Annan também quer que os rebeldes armados parem com os ataques, o que também parece improvável segundo o correspondente da BBC em Beirute Jim Muir.

E os confrontos continuaram neste domingo, com ativistas relatando mais bombardeios na região da cidade de Homs, que mataram pelo menos cinco pessoas.

Também ocorreu bombardeio na cidade de Hamas e tanques foram vistos na cidade de Nawa, ao sul do país, segundo o Comitê de Coordenação Local.

Mais de 50 pessoas teriam sido mortas em bombardeios e por tiros disparados pelas forças de segurança do governo no sábado, muitas delas em Homs.

A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch divulgou um novo relatório afirmando que forças aliadas do governo sírio obrigaram civis a marcharem logo à frente dos soldados, como escudos humanos, enquanto eles avançavam em áreas dominadas pela oposição na província de Idlib, no começo de março.

Um vídeo obtido pela organização junto a ativistas mostra pessoas vestidas com roupas civis andando em frente a soldados armados e veículos de combate. Testemunhas afirmaram à Human Rights Watch que estava claro que a medida foi tomada para proteger os militares.

A ONU afirma que o conflito na Síria já matou mais de 8 mil pessoas desde que começou há um ano. O governo sírio, por sua vez, afirma que "gangues terroristas" são responsáveis pela violência e diz que mais de 3 mil membros das forças de segurança já foram mortos.