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Sarkozy pode se tornar 1º presidente da França não se reeleger em 30 anos

06/05/2012 06h55

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, poderá se tornar, neste domingo, o primeiro líder do país a não se reeleger nos últimos 30 anos.

O favorito neste segundo turno das eleições presidenciais francesas é o socialista François Hollande, que registra entre 52% e 53,5% das intenções de voto nas últimas pesquisas.

Em caso de derrota, Sarkozy seria o segundo presidente da história da França, após Valérie Giscard d'Estaing, em 1981, a disputar um segundo mandato em eleições diretas e não conseguir se reeleger.

Caso vença neste domingo, como apontam todas as pesquisas de opinião, Hollande poria fim a 17 anos de ausência da esquerda francesa na presidência da França.

O socialista François Mitterrand, eleito em 1981, conseguiu se reeleger em 1988 e ocupou o cargo até maio de 1995.

Experiência e mídia

Jacques Chirac, antecessor de Sarkozy e do partido do presidente, o UMP, venceu as eleições presidenciais em 1995 e se reelegeu em 2002. A partir dessa data, o mandato presidencial na França passou a ser de cinco anos em vez de sete.

"Normalmente, segundo dados internacionais, dois terços dos presidentes que disputam reeleições, desde os anos 60, obtém a vitória", disse à BBC Brasil o professor de ciências políticas Stéphane Montclaire, da Universidade Sorbonne.

Os candidatos à reeleição normalmente se beneficiam da experiência acumulada durante o exercício da função e podem definir políticas para seduzir o eleitorado, além de se beneficiar de um acesso maior à mídia, o que influencia seu favoritismo, explica o especialista.

"Além de poder fazer parte da minoria de presidentes que não consegue se reeleger, ", diz Montclaire.

Ele atribui as dificuldades de Sarkozy ao balanço de seu governo - que não cumpriu promessas de reduzir o desemprego e aumentar do poder aquisitivo da população - além de problemas ligados à imagem de Sarkozy, associada por boa parte do eleitorado a de "um presidente dos ricos".

'Surpresas'

Sarkozy conseguiu reduzir a diferença em relação ao adversário nas últimas pesquisas, divulgadas na quinta e na sexta-feira, subindo entre meio ponto e dois pontos percentuais.

O presidente registra entre 46,5% e 48% das intenções de voto, de acordo com pesquisas de oito institutos.

Mas nenhuma pesquisa levou em conta o fato de o candidato centrista, François Bayrou, que obteve 9,1% dos votos no primeiro turno, ter declarado na noite de quinta-feira que irá votar em Hollande por contestar os discursos radicais de Sarkozy contra a imigração.

Apesar de não ter liderado nenhuma das pesquisas realizadas nos últimos meses, Sarkozy declarou que está "confiante" e que haverá "surpresas" neste domingo.

'Fio da navalha'

Em seu último comício, na sexta-feira, Sarkozy afirmou que o resultado da votação será "no fio da navalha", indicando que a margem de diferença de votos entre os dois candidatos seria muito pequena.

"Se Sarkozy vencer, será uma façanha", disse à BBC Brasil Dominique Reynié, professor do Instituto de Estudos Políticos de Paris.

Para conseguir se reeleger, Sarkozy teria de reunir três condições ao mesmo tempo, afirmam analistas.

Sarkozy precisa atrair grande parte dos eleitores da candidata da extrema direita, Marine Le Pen, e também do centrista Bayrou. Além disso, é necessário que boa parte das pessoas que se abstiveram no primeiro turno vote majoritariamente no presidente.

O voto não é obrigatório na França. No primeiro turno, em 22 abril, a taxa de abstenção foi de 20,5% do eleitorado.

No segundo turno, tradicionalmente na França, o índice de comparecimento às urnas costuma ser maior do que no primeiro.

Hollande, que também se diz confiante em relação ao resultado, reagiu em relação à diminuição de sua vantagem sobre Sarkozy nas pesquisas e pediu, na sexta-feira, que os eleitores não deixem de participar da votação.

O socialista teme que seu favoritismo e o clima de que sua vitória estaria garantida possam desmobilizar o eleitorado, que não veria mais a necessidade de votar neste domingo.

"A vitória ainda é incerta. Precisamos nos mobilizar até o último momento", declarou Hollande.