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Documentos afirmam que Fidel recrutou ex-nazistas para treinar Exército cubano

O ditador cubano Fidel Castro fuma um charuto em imagem de 1974 - AP
O ditador cubano Fidel Castro fuma um charuto em imagem de 1974 Imagem: AP

16/10/2012 08h26

Documentos do serviço de inteligência alemão (da sigla alemã, BND) afirmam que Fidel Castro contratou ex-nazistas para treinar o exército cubano durante o episódio que ficou conhecido como a Crise dos Mísseis, entre os Estados Unidos e a União Soviética, em outubro de 1962.

De acordo com o relatório, baseado em documentos confidenciais recém-divulgados, o presidente cubano teria contratado quatro ex-oficiais da SS, uma divisão do Exército nazista, que iriam embarcar rumo a Cuba no dia 25 de outubro de 1962 para treinar tropas na ilha.

Posteriormente, foi relatado que somente dois dos quatro oficiais teriam chegado ao país.

"Como pagamento foram oferecidos o equivalente a mil marcos alemães por mês, em moeda cubana, e mais mil marcos alemães por mês, na cotação desejada, em uma conta de um banco na Europa", detalha o documento que não traz, no entanto, provas a respeito da suposta ligação de Fidel Castro com ex-nazistas.

Bodo Hechelhammer, coordenador de pesquisa do BND, alega que Fidel tentava buscar formas alternativas de proteger Cuba, que não fossem ligadas aos soviéticos.

"Obviamente, o exército revolucionário cubano mostrou não ter medo de estabelecer contato com pessoas de passado nazista, quando isto era útil para a própria causa", argumenta Hechelhammer com base nas informações dos documentos.

A Crise dos Mísseis de Cuba, no auge da Guerra Fria, fez 50 anos no último domingo. Na ocasião, Estados Unidos e a União Soviética estiveram à beira de um conflito nuclear.

A guerra iminente só foi afastada quando os soviéticos concordaram em retirar os mísseis da ilha e os americanos fizeram o mesmo com armamentos similares na Europa.

O impasse, que durou 13 dias, resultou em um bloqueio a Cuba imposto por Washington e um abalo nas relações entre Cuba e União Soviética.

Compra de armas com extrema direita

Fidel Castro, na ocasião, ficou descontente com a forma com que os comunistas russos enfrentaram a crise.

O documento alemão diz ainda que o líder cubano se aproximou de dois traficantes de armas ligados a extrema direita alemã para comprar pistolas de fabricação belga.

De acordo com os arquivos do BND, o político alemão, Ernst-Wilhelm Springer, e o ex-oficial da Wehrmacht (as forças armadas nazistas), Otto Ernst Remer, vendiam armas internacionalmente e, mesmo pertencendo a um grupo de extrema direita, teriam sido contactados pelo comunista cubano, que buscava formas alternativas de armar o seu Exército.