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Pai pega prisão perpétua por incêndio que matou seis filhos

Mick Philpott e sua mulher, Mairead, choram durante entrevista coletiva concedida após o incêndio que matou seus seis filhos, em maio de 2012 - Rui Vieira/PA/AP - 16.mai.2012
Mick Philpott e sua mulher, Mairead, choram durante entrevista coletiva concedida após o incêndio que matou seus seis filhos, em maio de 2012 Imagem: Rui Vieira/PA/AP - 16.mai.2012

04/04/2013 12h05

Um homem considerado culpado pela morte de seus seis filhos em um incêndio recebeu nesta quinta-feira a sentença de prisão perpétua no desfecho de um caso que chocou a Grã-Bretanha.

Mick Philpott, de 56 anos, e sua mulher Mairead, de 32, foram condenados por homicídio culposo por iniciar o incêndio enquanto os filhos dormiam, em um suposto plano para incriminar a ex-amante Lisa Willis, com quem Mick começaria um processo de disputa da guarda de outras crianças.

Embora tenha sido condenado à prisão perpétua, Philpott poderá receber liberdade condicional após quinze anos de detenção se as autoridades judiciais britânicas julgarem que ele não representa mais perigo à sociedade.

Mairehead e um amigo da família, Paul Mosley, foram condenados a 17 anos de cadeia, mas também podem ter direito a liberdade condicional após cumprirem metade da pena.

As crianças Jade Philpott, de 10 anos, e os irmãos John, 9, Jack, 8, Jessie, 6, e Jayden, 5, morreram na cidade de Derby, no centro da Inglaterra, pouco depois de a casa pegar fogo na manhã do dia 11 de maio do ano passado. Outro irmão, Duwayne, de 13 anos (fruto de um relacionamento prévio de Mairead), morreu três dias depois no hospital.

'Totalmente errado'

Lisa Willis morou com a família Philpott até fevereiro de 2012, mas decidiu sair de casa, levando com ela seus cinco filhos - quatro deles de Mick. Sua decisão teria sido uma reação ao "comportamento manipulador e controlador" de Mick.

"Há indícios de que Philpott não estava preparado para deixar Lisa partir levando com ela os filhos do casal", disse o promotor James House diante do júri. "Ele queria Lisa e seus filhos de volta e disse a várias testemunhas que tinha um plano", acrescentou House.

De acordo com a promotoria, que descreveu o caso como "doloroso", o plano "deu totalmente errado" dois minutos depois que o fogo começou porque as chamas consumiram a casa rapidamente.

O casal, com a participação de Paul Mosley, pretendia colocar todas as crianças em um quarto nos fundos da casa e resgatá-las com um escada, mas não houve tempo.

Segundo os promotores, Mick Philpott queria posar de "herói e vítima", resgatando as crianças e culpando a ex-amante pelo incêndio criminoso horas antes de ela comparecer a um tribunal para discutir com Mick a guarda dos filhos.

Gravações

Dias depois do incêndio, Mick e Mairead se tornaram suspeitos. Peritos encontraram vestígios de gasolina nas roupas do casal e de Paul Mosley. E a polícia obteve permissão para gravar as conversas do casal no quarto de hotel onde estavam hospedados.

Nas gravações, os policiais ouviram Mick pedir claramente a Mairead que "confirmasse sua versão da história" na véspera de ela dar depoimento como testemunha à polícia.

Depois de presos e indiciados, os investigadores ouviram novamente Mick fazer o mesmo pedido à mulher a bordo de uma van que os levava para a primeira audiência no tribunal.

Quando questionado durante o julgamento, o casal justificou que o comentário significava que Mairead não deveria contar aos policiais detalhes sórdidos de sua vida sexual, que supostamente teriam incluído uma relação a três, que envolveu Paul Mosley, na noite da tragédia.

Participação na TV e violência

Em 2006, Mick Philpott foi notícia em vários jornais ingleses após pedir ao governo uma casa maior para a família. Pouco tempo depois, ele e Mairead participaram de um programa diário de grande audiência na TV britânica, The Jeremy Kyle Show, em que contaram alguns detalhes sobre sua atribulada vida sexual.

Mick ainda disse que não conseguia trabalho por ter passagem pela polícia. Em 1978, ele esfaqueou a namorada depois que ela terminou o relacionamento. Ao tentar intervir, a mãe da vítima também foi atacada.

Em comunicado lido ao final do julgamento, a irmã de Mick, Dawn Bestwick, disse que "a justiça foi feita".

A família de Mairead também se pronunciou dizendo que "as crianças foram mortas da forma mais brutal possível pelas pessoas que mais deveriam amá-las e protegê-las".

Ao anunciar a pena dos condenados, a juíza Kathryn Thirlwall disse que Mick Philpott foi a "força motriz por trás dessa empreitada incrivelmente perigosa" (em relação ao incêndio) e que ele é um homem sem "bússola moral", que tratava mulheres como "seus bens".