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Vítimas relembram 'cenas de horror' após explosões em Boston

O costarriquenho Carlos Arredondo (de chapéu) ajuda a socorrer vítima das explosões em Boston - Charles Krupa/AP
O costarriquenho Carlos Arredondo (de chapéu) ajuda a socorrer vítima das explosões em Boston Imagem: Charles Krupa/AP

16/04/2013 14h03

Vítimas e testemunhas das explosões que aconteceram no final da Maratona de Boston na última segunda-feira (15) descrevem "cenas horrendas" de corredores e familiares atingidos.

O videojornalista David Abel, do diário "Boston Globe", contou à BBC o que viu no momento da primeira explosão. Ele estava na linha de chegada filmando os corredores que completavam o trajeto e registrou o incidente que matou pelo menos três pessoas e deixou mais de cem feridos.

A causa das explosões ainda não foi identificada, de acordo com a polícia local.

"Eu estava parado próximo à linha de chegada filmando os corredores à medida em que eles chegavam e de repente ouvi uma enorme explosão, vi uma fumaça branca subindo. Quando ela se dissipou, ouvimos um segundo estrondo e soubemos imediatamente que era um ataque", disse.

Vídeo mostra momento da explosão na Maratona de Boston

"Vimos uma das cenas mais horrendas que uma pessoa pode ver, muitas pessoas caídas na calçada, seus membros destroçados, seus olhares vazios, vidro quebrado e muito sangue."

Abel, que participou da Maratona de Boston, diz que havia uma multidão concentrada perto da linha de chegada, formada principalmente por amigos e familiares que foram cumprimentar seus entes queridos.

"(A bomba) foi cuidadosamente colocada para maximizar a violência. Eu diria que havia centenas de pessoas em cada lado da rua perto da linha de chegada."

A primeira explosão ocorreu por volta das 14h50 locais (15h50, no horário de Brasília), no lado norte da rua Boylston, pouco antes da ponte que marca a linha de chegada. Outra forte explosão foi ouvida segundos depois.

Resgate de feridos

O ataque atingiu a cidade americana durante o feriado de Patriot's Day, que comemora as primeiras batalhas da guerra pela independência americana. As batalhas aconteceram perto de Boston.

Testemunhas confirmaram que um garoto de oito anos foi morto na primeira explosão. Ele foi atingido enquanto voltava para a companhia de sua mãe e irmã depois de cumprimentar o pai, que havia completado a corrida.

O pai do menino não teve ferimentos, mas a mãe a irmã ficaram seriamente feridas. A menina, segundo relatos, teria perdido a perna.

"Quando ele terminou a corrida seu filho pequeno saiu da calçada, foi para a rua Boylston, abraçou seu pai e voltou para a calçada. Seu pai foi registrar o tempo que fez", disse o jornalista Kevin Cullen, do "Boston Globe", à BBC.

"Em seguida, a bomba explodiu, o menino foi morto e a mãe ficou gravemente ferida."

Cullen, que estava no local, disse que um amigo bombeiro resgatou irmã do menino --ele disse que a cena era pior do que qualquer coisa que ele já tinha visto servindo no Iraque e no Afeganistão.

Entre as vítimas estava também um jovem que foi salvo pelo ativista costarriquenho Carlos Arredondo.

Arredondo chegou a tentar suicídio depois que seu filho, um fuzileiro naval americano, foi morto no Iraque. Depois disso, seu outro filho tirou a própria vida em 2011.

Mas ele se transformou em herói depois que imagens mostraram o momento em que ele ajudava um homem ferido.

A vítima havia perdido as duas pernas, mas sua vida foi salva quando Arredondo aplicou um torniquete em cada perna, para impedir o sangramento.

Em um vídeo colocado no YouTube na segunda-feira, o costarriquenho diz que viu "sangue, sangue em todos os lugares".

"Muita coisa estava acontecendo, eu só me concentrei naquele rapaz, em amarrar suas pernas...e consegui levá-lo para a ambulância."

'E se?'

O centro da cidade permanece como cena de crime e investigadores do FBI começam agora a seguir as pistas que acreditam poder levar a uma resposta.

Enquanto isso, na multidão que presenciava a maratona, não faltaram testemunhas para as cenas de horror.

"A explosão me fez tremer completamente, conseguia senti-la no coração", disse o americano Ramsey Mohsen à BBC.

Mohsen, um estrategista digital de Kansas City, estava em Boston para acompanhar sua namorada, Ali Hatfield, que participava da corrida. Os dois estavam a pouco mais de 35 metros da linha de chegada quando a primeira bomba explodiu.

"Do nada houve duas explosões fortes. Todos foram de um estado sorridente para o completo silêncio. As pessoas não sabiam como reagir."

Desnorteados, os dois tentaram chegar ao hotel e receberam comida e suco de frutas de moradores locais até conseguirem passar pela segurança no local.

Horas depois do incidente, Hatfield escreveu em seu blog: "Fiquei pensando sobre os 'e se'. E se eu não tivesse terminado quando terminei? E se não estivéssemos com nossas famílias quando a explosão aconteceu?".

O prefeito de Boston, Thomas Menino, também foi atingido no incidente e quebrou uma perna.

"A maratona é um grande dia em Boston, mas tivemos uma tragédia. Ofereço minhas sinceras condolências e orações às vítimas", disse Menino, em uma cadeira de rodas, após deixar o hospital.

Cerca de 27 mil pessoas estavam participando da maratona neste ano.

Duas bombas explodem durante Maratona de Boston, nos EUA