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Milhares protestam contra governo da Argentina

19/04/2013 00h46

Os argentinos realizaram, na noite desta quinta-feira, protestos em vários pontos do país contra projetos de lei para a reforma do Judiciário. A manifestação foi convocada por meio de redes sociais e ocorreu em diferentes lugares de Buenos Aires, a capital argentina, e em cidades do interior, como Rosário, Santa Fé, Córdoba e Salta.

Muitos manifestantes levavam bandeiras argentinas e cartazes que diziam 'chega de inflação', 'basta de corrupção' e 'Constituição se escreve com C e não com K', em referência ao sobrenome da presidente Cristina Kirchner. Alguns gritavam: "Argentina, Argentina". E ainda: "Se este não é o povo, o povo onde está?"

Em Buenos Aires, a manifestação começou no início da noite com famílias inteiras caminhando pelas principais avenidas em direção à Praça de Maio, em frente à Casa Rosada e sede da Presidência, e ao Obelisco, no centro da cidade. No fim da noite, uma multidão continuava concentrada em frente ao Congresso Nacional onde senadores aprovaram horas antes projetos de lei da reforma do Judiciário, enviado pela presidente ao Parlamento, na semana passada.

A proposta de reforma do Judiciário foi questionada pela oposição e teria intensificado o protesto, batizado de '18 A' (18 de abril), desta quinta-feria. A semana também foi marcada pela revelação feita por um programa de televisão de que um empresário supostamente ligado ao ex-presidente Nestor Kirchner teria sido responsável pelo envio de mais de cinqüenta milhões de euros, em aviões particulares, ao exterior. O caso foi classificado pela oposição como "lavagem de dinheiro".

"É claro que as pessoas estão insatisfeitas e as denúncias desta semana e o projeto de reforma do Judiciário, que é para favorecer o governo, intensificaram esta insatisfação", afirmou o senador opositor Gerardo Morales, da União Cívica Radical (UCR).

A presidente e seus principais assessores não fizeram comentários sobre as denúncias. Cristina defendeu, porém, a reforma do Judiciário. "Será uma Justiça mais democrática e com maior acesso para o povo", afirmou. O líder do governo no Senado, Miguel Pichetto, disse que o governo não poderia mudar "uma virgula do texto" porque a reforma será para o "bem dos argentinos".

Juristas e opositores disseram que ao limitar o prazo das ações contra o Estado, o governo estaria "desrespeitando a divisão de poderes", como afirmou a deputada opositora Victoria Donda, do Movimento Libres del Sur (Movimento Livres do Sul).

Os protestos ocorreram pacificamente e até o fim da noite não foram registrados incidentes graves. As emissoras de televisão do país mostraram as manifestações, mas com abordagens diferentes. "Protesto massivo em todo o país", informou a emissora de televisão TN (Todo Notícias), do grupo Clarin, definido pelo governo como "opositor'. Já a emissora estatal, Canal Sete, classificouo episódio como "Protesto da oposição em Buenos Aires". O mesmo informou o Canal23: "Oposição realiza manifestação".