Escolas chinesas desestimulam namoro para manter 'foco' de alunos
Escolas chinesas estão tentando introduzir uma série de medidas para desestimular seus alunos a namorar, mas a iniciativa têm sofrido resistência e críticas nas redes sociais e na imprensa estatal.
Em um colégio na cidade de Hangzhou, os adolescentes receberam a recomendação de manter uma distância de meio metro entre si, em todos os momentos. Meninos e meninas não têm permissão para andarem juntos, como casais, na escola.
Outra escola, na cidade de Wenzhou - na província de Zhejiang - proibiu "interações próximas" entre estudantes, tanto do sexo oposto como entre alunos do mesmo sexo. No entanto, a escola não detalhou o que considera uma "interação próxima".
Os diretores do colégio promete "ações disciplinares rígidas" contra quem desobedecer as ordens. Os temores de professores e pais é que namoros adolescentes distraiam demais os alunos das suas tarefas, afetando o desempenho escolar.
Na cultura chinesa, romances entre adolescentes costuma ser desdenhados. Existe um termo em chinês - Zao Lian - que significa "amor cedo", mas na prática tem uma conotação negativa, de "amor imaturo". As escolas e autoridades têm realizado campanhas contra os "efeitos indesejados" do "Zao Lian", divulgando dicas sobre como evitar a atração ao sexo oposto e manter o foco nos estudos.
No entanto, muitos chineses tem reagido a essas campanhas, em especial na internet. Muitos dizem que as regras são "bárbaras e opressivas".
"Como você mede o espaço entre alunos e alunas?", comentou um usuário.
'Absurdas, ridículas e ilegais'
A própria mídia estatal também é crítica. O jornal estatal China Youth Daily disse que as medidas são "absurdas, ridículas e ilegais".
"É normal para pessoas jovens se apaixonarem. Romances adolescentes em escolas devem ser desestimulados, mas é melhor não usar métodos opressivos e extremos", diz o jornal.
A BBC conversou com alguns adolescentes chineses sobre a polêmica.
Um estudante de Pequim disse que as escolas anunciaram medidas para conter namoros, mas são os professores que decidem como implementá-las. Muitos deles são bastante flexíveis.
Outro aluno, de Xangai, disse que tem sido mais comum ver namoros entre colegiais.
"Não há nada errado em alunos descobrindo o amor, desde que isso não afete o trabalho escolar", disse outro aluno.
Para o professor Zhang Yuling, da Universidade de Nanjing, a China está mudando e é possível que o esforço dos colégios tenha um efeito contrário, ou seja, acabe aumentando o número de namoros.
"As escolas tratam os alunos como prisioneiros, e as pessoas não aceitam isso", disse ele à BBC.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.