Com robô na lua, China reafirma papel geopolítico na Terra
A China anunciou ao mundo que pousou uma sonda não tripulada na lua, 37 anos depois da última missão chegar ao satélite. Apesar de conseguir o feito nas alturas, o objetivo chinês é reafirmar seu papel geopolítico na terra, apontam especialistas.
A televisão estatal já difundiu as primeiras imagens feitas pelo robô Yutu, que significa coelho de jade. A sonda aterrisou em uma região da lua chamada baía do Arcoíris.
Segundo os astrônomos chineses, a missão tem como objetivo experimentar novas tecnologias e coletar dados científicos.
"O programa nuclear chinês é um importante componente dos esforços da humanidade para explorar o espaço de forma pacífica", disse o engenheiro espacial Sun Huixian, do programa chinês.
Mas para analistas políticos, a missão chinesa também tem como objetivo reafirmar o papel da China como potência emergente no mundo.
Em 1969, os Estados Unidos surpreenderam o mundo enviando o primeiro homem à lua. Na ocasião, os americanos rivalizavam com os soviéticos na chamada corrida espacial. A viagem teve um grande peso simbólico durante a Guerra Fria.
Poder
Para Dean Cheng, pesquisador da Heritage Foundation, um centro de estudos em Washington, nos Estados Unidos, o programa aeroespacial da China é uma mostra aos próprios chineses de que eles estão capacitados para empreender todo tipo de projeto, inclusive no espaço.
Cheng disse ainda, em entrevista à BBC, que a missão chinesa "reflete a capacidade científica e tecnológica do país e ajuda a diplomacia, fazendo com que (o país) pareça mais forte".
"A China está dizendo: ' Estamos fazendo algo que apenas dois países fizeram antes, os Estados Unidos e a União Soviética", disse.
Chneg disse ainda que o país pode ganhar com a missão ao se vender como uma plataforma para lançamentos espaciais para fins comerciais. A tecnologia empregada no projeto também pode ter uso militar.
"O robô deve ficar sob controle da terra em várias manobras no solo lunar", disse.
Segundo Cheng, com essa tecnologia a China "pode fazer viligância espacial e ficar de olho nos 'ativos espaciais' dos chineses e de outras nações".
Liderança
Para Joan Johnson-Freese, do US Naval War College, "a China quer ir para a lua por razões estratégicas e por legitimidade doméstica".
"Com a exploração dos Estados Unidos em um estágio moribundo, para dizer o melhor, isso abre uma janela para a China ser vista como um líder global em tecnologia", disse.
A sonda chinesa deve operar na lua por um ano. Depois disso, uma nova missão para trazer amostras do solo lunar está prevista para 2017. E isso pode definir o cenário das novas missões espaciais. Há quem já pense em mandar novamente o homem à lua, a partir de 2020.
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