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Polícia mata segundo homem negro em Missouri

19/08/2014 20h01

Policiais do Estado americano do Missouri mataram a tiros outro jovem negro, dias após a morte de Michael Brown, de 18 anos, por um policial branco na cidade de Ferguson, ameaçando inflamar ainda mais o conflito na região.

A polícia da cidade de St. Louis - que fica a 6,4 km de Ferguson - diz que o homem, que morreu no local, fazia ameaças com uma faca.

A morte de Brown provocou protestos violentos, que já duram uma semana, e uma forte reação policial. Apenas na noite de segunda-feira, a polícia diz ter prendido 31 pessoas.

Novos confrontos começaram horas depois que o presidente Barack Obama pediu calma aos manifestantes, que foram às ruas após a morte de Brown, que estava desarmado, no dia 9 de agosto.

O Secretário de Justiça dos Estados Unidos, Eric Holder, deve visitar Ferguson na quarta-feira para encontrar autoridades federais que investigam o episódio.

A comunidade local, de maioria negra, está enfurecida com a força policial, predominantemente branca, pela morte do jovem.

A família de Brown diz que seu funeral acontecerá na próxima segunda-feira.

Comportamento errático

O episódio desta terça-feira pode inflamar ainda mais as tensões na comunidade.

Na tarde desta terça-feira, dois policiais atiraram em um homem de 23 anos que fazia ameaças com uma faca, de acordo com a polícia de St. Louis.

O chefe da polícia local, Sam Dotson, afirmou que relatos de testemunha dão conta de que o homem tinha um comportamento errático. Dotson assinalou que os policiais tinham o direito de se defender.

"O suspeito se virou para os policiais, segurou uma faca e disse a eles 'atirem em mim agora, matem-me agora'", disse Dotson.

O governador do Missouri, Jay Nixon, anunciou o envio da Guarda Nacional à região na segunda-feira e o fim de um toque de recolher imposto no fim de semana.

Versões diferentes

Também nesta terça-feira, promotores do condado de St. Louis afirmaram que apresentariam provas contra o policial que atirou em Michael Brown durante o julgamento do caso, na quarta-feira.

O júri popular determinará se Darren Wilson deve ser acusado por um crime.

Tanto os policiais de St. Louis quanto o Departamento de Justiça americano estão realizando investigações sobre o caso, que provocou manifestações em todo o país.

Testemunhas dizem que Brown se ajoelhou diante da polícia com as mãos ao alto e disse "não atirem", e que mesmo diante disso o policial disparou. A polícia, no entanto, afirma que Darren Wilson atirou após uma briga com Brown.

Uma autópsia pedida pela família de Michael Brown concluiu que o jovem foi atingido por seis tiros, dois deles na cabeça.

Segundo o patologista nova-iorquino Michael Baden, não havia sinais de luta no corpo do jovem.

Ele também disse acreditar que Brown recebeu o tiro de perto, já que não havia resíduos de pólvora em seu corpo, o que sugere que o policial estava a cerca de 60 cm do garoto.