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Caminhões russos entram na Ucrânia; Kiev acusa Moscou de violar leis

22/08/2014 13h35

O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, acusou nesta sexta-feira a Rússia de "flagrante violação da lei internacional" após caminhões russos com ajuda humanitária terem entrado sem permissão em território ucraniano.

Mais de cem veículos russos entraram na Ucrânia sem qualquer checagem aduaneira e sem acompanhamento da Cruz Vermelha, disse o presidente.

A ajuda é destinada a civis na zona de guerra no leste da Ucrânia, especialmente na cidade de Lugansk, tomada por rebeldes pró-Rússia.

Os primeiros caminhões já teriam chegado a Lugansk. Há relatos de que eles estariam sendo escoltados por combatentes rebeldes.

A Rússia alega que a obstrução aos caminhões é irracional e que enviou-os à Ucrânia a despeito das críticas de Kiev.

"Foram exauridas todas as desculpas para bloquear a entrega de ajuda em uma área onde há uma catástrofe humana", diz seu Ministério de Relações Exteriores. "O lado russo decidiu agir. Nosso comboio com ajuda está a caminho de Lugansk."

'Invasão direta'

O correspondente da BBC Daniel Sandford explica que, como o comboio não tem qualquer participação da Cruz Vermelha, Kiev não deve reconhecê-lo como missão humanitária - e o incidente só tende a agravar as tensões entre Rússia e Ucrânia, podendo despertar novos conflitos em terra.

O chefe do serviço de segurança da Ucrânia, Valentyn Nalyvaychenko, disse que o ato foi uma "provocação", mas que não usará força militar contra os caminhões.

"É uma invasão direta", disse Nalyvaychenko. "Sob o disfarce cínico (de ajuda humanitária), estes são veículos militares."

Kiev pediu condenação internacional ao episódio, alegando que a iniciativa é parte da tentativa russa de intervir no leste ucraniano, ajudando os rebeldes.

Por sua vez, a Chancelaria em Moscou afirmou que, se o comboio for atacado, Moscou pode reagir.

"Foram exauridas todas as desculpas para bloquear a entrega de ajuda em uma área onde há uma catástrofe humana", disse o Ministério de Relações Exteriores.

"O lado russo decidiu agir. Nosso comboio com ajuda está a caminho de Lugansk."

Jornalistas estrangeiros autorizados a olhar o carregamento mais cedo observaram que ele continha suprimentos como papinhas de bebê e cereais.

A Rússia nega as acusações de que esteja armando e treinando os rebeldes em Lugansk e na região vizinha de Donetsk, onde quatro meses de combates deixaram mais de 2 mil mortos e 330 mil deslocados.

Agora tomada por rebeldes pró-Rússia, Lugansk está sem água corrente ou comunicações telefônicas, enquanto o governo ucraniano tenta retomar seu controle.