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Pais que tiraram filho doente de hospital são libertados na Espanha

Brett e Naghemeh King, pais de Ashya King, foram soltos hoje - Divulgação Polícia de Hampshire
Brett e Naghemeh King, pais de Ashya King, foram soltos hoje Imagem: Divulgação Polícia de Hampshire

02/09/2014 16h58

Os pais do menino Ashya King –que retiraram o garoto doente de um hospital na Grã-Bretanha e o levaram à Espanha, para que ele pudesse ter acesso a outro tratamento para o tumor que tem no cérebro– foram libertados nesta terça-feira (2) de uma prisão espanhola.

Brett e Naghermeh King haviam sido presos a pedido das autoridades britânicas, que pediam a extradição deles. Mas, mais cedo também nesta terça, a promotoria britânica anunciou que estava retirando o mandado de prisão europeu contra eles.

Explicando a decisão, a promotoria disse que não enxergava “grande ou imediato risco” à saúde do menino, “como se pensava originalmente”.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, parabenizou os promotores pela decisão.

"É importante que o garoto seja tratado e receba o amor de sua família", disse ele em sua conta no Twitter.

Petição

Os pedidos pela liberação dos King ganharam força desde sábado, quando o casal foi detido na Espanha. Mais de 180 mil pessoas assinaram uma petição online.

O menino Ashya King - Divulgação Polícia de Hampshire - Divulgação Polícia de Hampshire
Imagem: Divulgação Polícia de Hampshire

Um dos criadores da petição, Ethan Dallas, de 16 anos, diz ser amigo de um dos irmãos de Ashya. Segundo Dallas, a família King não havia recebido o tratamento adequado neste caso, e os pais do menino apenas buscavam o melhor tratamento disponível para ele.

Os pais de Ashya vinham sendo mantidos em uma prisão nos arredores da capital, Madri, enquanto o garoto de cinco anos está sendo tratado em um hospital na cidade de Málaga, no sul da Espanha.

Ashya está neste hospital desde que, na última quinta-feira, foi levado por seus pais de um hospital na cidade de Southampton, no sul da Inglaterra, contra a vontade dos médicos.

Seus pais justificaram seu comportamento ao dizer que um tipo de tratamento para o câncer de Ashya, conhecido como "protonterapia", não estava disponível no sistema público de saúde do Reino Unido.

O pedido de prisão havia sido emitido no último sábado, sob alegações de negligência. No mesmo dia, o casal foi detido.

Um dos irmãos de Ashya obteve permissão para visitá-lo na noite de segunda-feira.

Apoio

O plano de cancelar o pedido de prisão foi elaborado por promotores em uma audiência na Prefeitura de Portsmouth, em que era solicitado que Ashya fosse colocado sob custódia da Justiça.

Antes da audiência, o chefe de Polícia de Hampshire, Andy Marsh, disse em uma carta que o pedido de prisão só havia sido feito para auxiliar nas buscas pelo garoto.

"Nosso objetivo era garantir sua segurança, não impedi-lo de receber o apoio de sua família neste momento difícil", Marsh escreveu.

"Independentemente do que aconteceu, acreditamos que Ashya precisa tanto de tratamento médico quanto de seus pais a seu lado."

O vice-premiê Nick Clegg já havia pedido que os pais de Ashya fossem liberados para poderem estar com o menino.

"Esta família passa por uma angústia tão grande que chegou a adotar uma medida extrema como essa, de tirar seu filho doente do hospital e levá-lo para outro país, acreditando que isto é o melhor para o menino", disse Clegg.

Uma investigação interna sobre o caso está em curso no Hospital Geral de Southampton, segundo fontes da BBC.

Uma porta-voz do hospital disse que a possibilidade tratar o menino com a protonterapia foi discutida.

O advogado da família King, Juan Isidro Fernandez Diaz, disse que tomará as medidas legais cabíveis contra o hospital de Southampton.