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Israel anuncia punições a famílias de palestinos envolvidos em atentados

Guila Flint

Em Tel Aviv (Israel)

26/11/2014 18h17

Autoridades de Israel anunciaram uma série de medidas contra as famílias de palestinos que cometeram atentados contra israelenses. Além da destruição de casas e expulsão de familiares, a polícia também anunciou que não vai entregar os corpos dos autores doataque à sinagoga em Jerusalém.

O ministro do Interior de Israel, Gilad Erdan, anunciou nesta quarta feira que decidiu cancelar o direito de residência em Jerusalém da esposa de Ghassan Abu Jamil, que, juntamente com seu irmão, Udai, matou a tiros e a facadas cinco pessoas na sinagoga de Har Nof, no dia 18 deste mês.

Segundo o ministro, Nadia Abu Jamil e seus três filhos terão de sair da cidade "imediatamente" e também perderão todos os direitos e benefícios sociais que tinham como residentes de Jerusalém.

A nova medida se soma ao anúncio de que a casa da família de Abu Jamil será destruída, assim como as casas das famílias de outros cinco palestinos que cometeram atentados contra israelenses nas últimas semanas.

O ministro Erdan declarou que "terroristas que planejam atentados contra Israel devem saber que, não só eles, mas também suas famílias sofrerão as consequências".

De acordo com o governo de Israel, medidas duras contra as famílias de autores de atentados têm o objetivo de "dissuadir terroristas de implementarem seus planos".

A policia de Jerusalém avisou a família Abu Jamil que não pretende entregar os corpos dos filhos, também como medida de dissuasão.

De acordo com Shaul Gordon, assessor jurídico da polícia, "a decisão de não entregar os corpos dos terroristas imediatamente após o atentado e de enterrá-los em um túmulo temporário pode ter um efeito de dissuasão que diminua a motivação de cometer esse tipo de atentado".

Gordon também afirmou que se não houver funeral e lápide, "os terroristas não se tornarão modelos de imitação".

'Mais violência'

De acordo com o advogado Mohamed Mahmoud, que representa a família palestina, "a retenção dos corpos só irá gerar mais violência".

A ONG israelense de direitos humanos, Betselem, conclamou as autoridades a "separarem os graves atos atribuídos aos mortos de suas famílias, que não são suspeitas de qualquer crime".

Betselem exigiu que as autoridades israelenses evitem a utilização de punição coletiva e afirmou que tais medidas são "imorais e proibidas pela lei internacional".

O deputado Yariv Levin, do partido governista Likud, anunciou nesta quarta-feira um projeto de lei, que pretende encaminhar ao Parlamento, para "punir terroristas e suas famílias".

O projeto inclui cancelamento do direito à residência em Jerusalém, expulsão para a Faixa de Gaza, suspensão de benefícios sociais, retirada da carta de motorista e retenção dos corpos de palestinos que forem mortos durante os atentados.

De acordo com o deputado, que formulou o projeto segundo o pedido do primeiro ministro Binyamin Netanyahu, o projeto de lei deverá "fornecer às autoridades instrumentos mais eficazes e gerar uma dissuasão genuína".