Alvo de inquérito, campo de golfe gera polêmica nas Olimpíadas
O campo de golfe olímpico é um dos pontos mais sensíveis na organização dos Jogos de 2016: além de ser considerado uma das três obras com cronograma mais apertado, gerou uma saia-justa entre o prefeito Eduardo Paes e o presidente do COI, Thomas Bach, na visita ao Rio que se encerra hoje.
O campo, que está sendo construído na Barra, gera polêmica por estar instalado sobre área de proteção ambiental, que teve seu zoneamento modificado para abrigar o projeto e um grande empreendimento imobiliário.
No início da semana, em uma conversa informal com repórteres, Paes afirmou odiar ter que fazer a obra -que já defendeu no passado- e disse que não teria feito este campo de golfe nunca se dependesse dele. Ele afrrmou que só levou o projeto adiante porque todos os pareceres diziam que os demais campos existentes no Rio o Gávea Golf e o Itanhangá não serviam para as Olimpíadas.
Questionado sobre a declaração do prefeito, Bach afirmou a uma plateia de universitários no Rio ter ficado surpreso. Como todos sabem o prefeito pressionou muito pela construção desse campo. Tenho certeza que ele pensou muito antes da decisão de construí-lo.
No sábado, em entrevista coletiva, Bach destacou que o gramado é irrigado com água de reuso e que a construção foi financiada pela iniciativa privada.
Durante a entrevista, cerca de 20 pessoas protestaram com cartazes com os dizeres holocausto ecológico diante do local que sediava o evento. Duas ativistas chegaram a entrar no lobby do hotel, aos gritos, contra "agressões ambientais causadas pelas obras olímpicas". Um representante do COI reuniu-se com os manifestantes por mais de meia hora e ouviu as demandas.
Vantagens excessivas
No início do mês, o Ministério Público estadual do Rio (MP-RJ) instaurou um inquérito para apurar se o prefeito Eduardo Paes teria cometido ato de improbidade administrativa no acordo feito com a Fiori Empreendimentos para construir o campo de golfe, permitindo que o grupo privado obtenha vantagens excessivas e injustificadas.
Pelo acordo, o grupo imobiliário arca com os R$ 60 milhões necessários para construir o campo e ganha o direito de construir no futuro 23 prédios de 22 andares na região da Área de Preservação Ambiental (APA) de Marapendi bem acima dos 6 andares permitidos para a região.
Os primeiros prédios são as quatro torres do luxuoso empreendimento imobiliário Riserva Golfe, que se gaba de oferecer uma vista privilegiada para o campo com o slogan o sol nasce para todos, mas não com essa vista.
O MP estima um lucro de até R$ 1 bilhão para a imobiliária, com potencial dano ao erário pela concessão de benefícios como a isenção da contrapartida por elevação de gabarito.
Além disso, corre agora em segunda instância uma ação do MP-RJ que pede o embargo das obras alegando que o licenciamento ambiental foi irregular. A ação foi apresentada em agosto e derrotada na primeira instância.
Reta final
O Comissão de Coordenação do COI iniciou sua visita periódica de inspeção das obras olímpicas na segunda-feira.
O tom geral ao fim da visita foi de otimismo cuidadoso, enfatizando que a partir de agora o ritmo se intensifica e não há espaço para erros.
Ainda há muito a fazer, não há tempo a perder. Nós vemos que há trabalho a ser feito, mas estamos confiantes de que será finalizado, disse Bach.
Ele também comentou sobre a despoluição da Baía de Guanabara, afirmando que o COI ainda trabalha com a meta de sanear 80% da baía, e que as autoridades locais vêm informando que isto vai acontecer apesar das idas e vindas e comentários discrepantes.
No início da semana, membros do comitê responsáveis pelas visitas às instalações manifestaram preocupação com atrasos no velódromo, centro de hipismo e campo de golfe.
Ironicamente, o velódromo é a obra considerada mais atrasada, adicionando mais críticas àquelas feitas desde sua concepção pela necessidade de se construir um segundo velódromo na cidade. O anterior, construído para os Jogos Panamericanos de 2007, não atendiam às exigências olímpicas.
O presidente da comissão, Nawal El Moutawakel, afirmou que as três obras precisam de pressão e têm uma linha de tempo agressiva para ficar prontas a tempo dos eventos-teste programados para o segundo semestre, com um cronograma sem espaço para atrasos ou falhas.
Bach em Brasília
O presidente do COI foi recebido pela presidente Dilma Rousseff em Brasília na terça-feira e reafirmou a confiança nos esforços brasileiros para a organização dos jogos após o encontro.
Tivemos um bom encontro com a presidente Dilma. Ela mais uma vez deixou claro o comprometimento do governo federal com a realização dos Jogos. Estou confiante de que os eventos serão ótimos para o Brasil, para a América do Sul e para o mundo, afirmou Bach.
No Rio, a comissão do COI demonstrou preocupação também com a questão das acomodações durante os jogos o Rio precisa de 40 mil leitos, mas no momento têm 36 mil disponíveis ou por ser entregues; e com o esquema de transportes durante os jogos, que ainda precisa de planejamento mais avançado.
A questão da crise energética e hídrica do país também esteve em pauta. Os integrantes do COI disseram ter recebido garantias do governo de que o abastecimento seria regular durante o evento.O COI estabeleceu um prazo de sete meses para que as obras das instalações olímpicas sejam concluídas. Os primeiros dos 21 eventos-teste programados para antes dos jogos começam já em agosto.
O teste do campo de golfe está marcado para novembro.
O campo, que está sendo construído na Barra, gera polêmica por estar instalado sobre área de proteção ambiental, que teve seu zoneamento modificado para abrigar o projeto e um grande empreendimento imobiliário.
No início da semana, em uma conversa informal com repórteres, Paes afirmou odiar ter que fazer a obra -que já defendeu no passado- e disse que não teria feito este campo de golfe nunca se dependesse dele. Ele afrrmou que só levou o projeto adiante porque todos os pareceres diziam que os demais campos existentes no Rio o Gávea Golf e o Itanhangá não serviam para as Olimpíadas.
Questionado sobre a declaração do prefeito, Bach afirmou a uma plateia de universitários no Rio ter ficado surpreso. Como todos sabem o prefeito pressionou muito pela construção desse campo. Tenho certeza que ele pensou muito antes da decisão de construí-lo.
No sábado, em entrevista coletiva, Bach destacou que o gramado é irrigado com água de reuso e que a construção foi financiada pela iniciativa privada.
Durante a entrevista, cerca de 20 pessoas protestaram com cartazes com os dizeres holocausto ecológico diante do local que sediava o evento. Duas ativistas chegaram a entrar no lobby do hotel, aos gritos, contra "agressões ambientais causadas pelas obras olímpicas". Um representante do COI reuniu-se com os manifestantes por mais de meia hora e ouviu as demandas.
Vantagens excessivas
No início do mês, o Ministério Público estadual do Rio (MP-RJ) instaurou um inquérito para apurar se o prefeito Eduardo Paes teria cometido ato de improbidade administrativa no acordo feito com a Fiori Empreendimentos para construir o campo de golfe, permitindo que o grupo privado obtenha vantagens excessivas e injustificadas.
Pelo acordo, o grupo imobiliário arca com os R$ 60 milhões necessários para construir o campo e ganha o direito de construir no futuro 23 prédios de 22 andares na região da Área de Preservação Ambiental (APA) de Marapendi bem acima dos 6 andares permitidos para a região.
Os primeiros prédios são as quatro torres do luxuoso empreendimento imobiliário Riserva Golfe, que se gaba de oferecer uma vista privilegiada para o campo com o slogan o sol nasce para todos, mas não com essa vista.
O MP estima um lucro de até R$ 1 bilhão para a imobiliária, com potencial dano ao erário pela concessão de benefícios como a isenção da contrapartida por elevação de gabarito.
Além disso, corre agora em segunda instância uma ação do MP-RJ que pede o embargo das obras alegando que o licenciamento ambiental foi irregular. A ação foi apresentada em agosto e derrotada na primeira instância.
Reta final
O Comissão de Coordenação do COI iniciou sua visita periódica de inspeção das obras olímpicas na segunda-feira.
O tom geral ao fim da visita foi de otimismo cuidadoso, enfatizando que a partir de agora o ritmo se intensifica e não há espaço para erros.
Ainda há muito a fazer, não há tempo a perder. Nós vemos que há trabalho a ser feito, mas estamos confiantes de que será finalizado, disse Bach.
Ele também comentou sobre a despoluição da Baía de Guanabara, afirmando que o COI ainda trabalha com a meta de sanear 80% da baía, e que as autoridades locais vêm informando que isto vai acontecer apesar das idas e vindas e comentários discrepantes.
No início da semana, membros do comitê responsáveis pelas visitas às instalações manifestaram preocupação com atrasos no velódromo, centro de hipismo e campo de golfe.
Ironicamente, o velódromo é a obra considerada mais atrasada, adicionando mais críticas àquelas feitas desde sua concepção pela necessidade de se construir um segundo velódromo na cidade. O anterior, construído para os Jogos Panamericanos de 2007, não atendiam às exigências olímpicas.
O presidente da comissão, Nawal El Moutawakel, afirmou que as três obras precisam de pressão e têm uma linha de tempo agressiva para ficar prontas a tempo dos eventos-teste programados para o segundo semestre, com um cronograma sem espaço para atrasos ou falhas.
Bach em Brasília
O presidente do COI foi recebido pela presidente Dilma Rousseff em Brasília na terça-feira e reafirmou a confiança nos esforços brasileiros para a organização dos jogos após o encontro.
Tivemos um bom encontro com a presidente Dilma. Ela mais uma vez deixou claro o comprometimento do governo federal com a realização dos Jogos. Estou confiante de que os eventos serão ótimos para o Brasil, para a América do Sul e para o mundo, afirmou Bach.
No Rio, a comissão do COI demonstrou preocupação também com a questão das acomodações durante os jogos o Rio precisa de 40 mil leitos, mas no momento têm 36 mil disponíveis ou por ser entregues; e com o esquema de transportes durante os jogos, que ainda precisa de planejamento mais avançado.
A questão da crise energética e hídrica do país também esteve em pauta. Os integrantes do COI disseram ter recebido garantias do governo de que o abastecimento seria regular durante o evento.O COI estabeleceu um prazo de sete meses para que as obras das instalações olímpicas sejam concluídas. Os primeiros dos 21 eventos-teste programados para antes dos jogos começam já em agosto.
O teste do campo de golfe está marcado para novembro.
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