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Apesar de problemas, eleição na Nigéria é elogiada por órgãos internacionais

Jerome Delay/AP
Imagem: Jerome Delay/AP

29/03/2015 20h08

Equipes de observadores internacionais elogiaram as eleições gerais da Nigéria, mesmo com os problemas técnicos e episódios de violência que marcaram a votação.

Em um comunicado, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-monn, disse que a eleição havia sido “amplamente pacífica e organizada.”

O bloco regional Ecowas (Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental), que também monitora o pleito, também declarou que o processo ocorreu de maneira “pacífica e confiável”.

A votação deveria ter ocorrido apenas no sábado, mas foi prorrogada também para este domingo em algumas partes do país, por causa de problemas na identificação dos eleitores, que era feita com biometria para registrar as digitais.

A disputa entre o atual president Goodluck Jonathan e o ex-governante military Muhammadu Buhari está bastante acirrada, fazendo os analistas não arriscarem palpites sobre o resultado.

No sábado, ao menos 20 pessoas foram mortas em ataques perpetrados por homens armados. Autoridades disseram que não está claro se militantes do grupo radical islâmico Boko Haram estão por trás dos episódios de violência.

Outros ataques também deixaram dezenas de mortos nos dias que antecederam a votação.

Neste domingo, opositores protestaram contra a morte de membros da campanha de Buhari e por irregularidades nas eleições.

Determinação

Em seu comunicado, Ban também elogiou a “determinação e a resiliência” dos eleitores, mesmo com as ameaças de grupos radicais.

Um eleitora explicou à BBC porque estava indo votar, apesar da violência. “Já sofremos demais, tivemos de fugir das nossas casas por causa de tantos ataques”, disse a dona-de-casa Roda Umar. “Estou pronta para encarar o risco de votar.”

A eleição já havia sido adiada (originalmente, ela ocorreria em fevereiro) para permitir que o Exército retomasse territórios capturados pelo grupo extremista.

Problemas técnicos com o novo cartão de biometria acabaram atrasando a votação, afetando até mesmo o voto do presidente Goodluck Jonathan.

Os eleitores tinham de registrar suas digitais no sistema antes de votar. Jonathan tentou fazer o procedimento durante 50 ao chegar para votar em sua cidade natal, Otuke.

Então ele desistiu e voltou novamente ao local depois de algum tempo. E a nova tentativa também fracassou, o obrigando a votar usando um registro tradicional.

Em muitas zonas eleitorais em que a votação foi concluída, inspetores tiveram de começar a contagem sob faróis de carros ou usando lanternas, já que houve blecaute.

Ban também pediu que os nigerianos mantivessem “uma atmosfera de paz e exercitassem a paciência” durante o processo de apuração dos votos.

Disputa

A corrida eleitoral na Nigéria evidencia bem as diferenças culturais do país. Jonathan, que é cristão e vem do sul, enquanto Buhari é um muçulmano que vem do norte do país.

Buhari já governou o país por quase dois anos após um golpe militar no final de 1983.

Já o partido de Jonathan – o Partido Democrático do Povo – está no poder desde 1999, com o fim do regime militar no país.

Eleitores também estão votando para escolher deputados e senadores.

Segundo o correspondente da BBC na África Andrew Harding, Jonathan está enfrentando um adversário de peso, fazendo que com que seja difícil se apostar em um vencedor.

“São forças democráticas contra vários grupos dedicados a minar essa disputada eleição”, disse.

“Mas apesar de toda a violência e outros problemas, estamos presenciando incríveis demonstrações de paciência e disciplina por parte de muitos eleitores.”

Segundo Harding, há um sofisticado grupo de eleitores armados com câmeras e redes sociais publicando dados e caçando irregularidades incessantemente.