Topo

Governo lançará programa de concessões em maio, diz Levy

João Fellet

Da BBC Brasil, em Washington

18/04/2015 19h50

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou neste sábado (19) em Washington que o governo deverá lançar em maio um programa de concessões em infraestrutura no Brasil.

"Nosso plano é (...) anunciar uma visão global de áreas que estarão disponíveis para concessões", disse o ministro, em entrevista na embaixada do Brasil na capital americana.

Segundo Levy, após anunciar o programa e apontar um cronograma para as obras, o governo preparará os leilões e as concessões, o que pode levar mais alguns meses.

Ele afirmou que os ministérios da Fazenda e do Planejamento estão acertando os últimos detalhes do programa.

Levy veio a Washington para participar da reunião de primavera do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta semana. Ao longo do evento, ele se encontrou com investidores e autoridades de vários países.

Levy afirmou que discutiu o novo programa de investimentos no Brasil com o Banco Mundial e que o órgão se mostrou interessado em ajudar a elaborar a iniciativa.

Se o programa tiver sucesso, diz Levy, o banco poderá replicá-lo em outros países.

Modelo

Desde que assumiu a Presidência, Dilma Rousseff anunciou uma série de concessões para modernizar ou construir portos, aeroportos, estradas e ferrovias no Brasil.

Em vários casos, empresários criticaram os modelos das concessões, e o governo teve de recuar. Ainda assim, alguns dos principais projetos anunciados - como os que previam a construção de ferrovias - não decolaram.

Levy não afirmou se o novo programa relançará iniciativas que não deram certo.

O ministro disse ainda que o governo está adotando uma nova política para incentivar investimentos no Brasil, com menor papel para o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Segundo Levy, o BNDES - que na última década foi a principal fonte de recursos para investimentos no país e fomentou a política dos "campeões nacionais" - passará a ser " mais uma peça numa engenharia vitoriosa", que terá maior participação de bancos privados.

Ele disse ainda que autoridades e investidores com que se reuniu nos últimos dias em Washington responderam bem ao ajuste fiscal em curso no país. "As pessoas cada vez mais entendem o que estamos fazendo e o fato de o país ter um rumo".

"Há uma grande torcida (pelo Brasil) entre nossos parceiros, o que é natural e óbvio, porque o que é bom para o Brasil é bom para eles."

De acordo com Levy, o mesmo fenômeno tem ocorrido entre empresários no Brasil, "onde já vemos uma estabilização das expectativas".

O ministro se disse ainda otimista com o desenrolar da crise na Petrobras, conforme a empresa se prepara para lançar na próxima semana seu balanço auditado para 2014.

A divulgação do balanço, que está atrasada, deverá incluir as perdas da companhia com a corrupção, atendendo uma exigência de acionistas e investidores.

"Temos a expectativa de muito brevemente termos essa página do balanço virada", disse Levy.

Ele elogiou ainda a troca da diretoria na empresa e disse a estatal "tem dado sinais de reorientação em alguns aspectos de maneira muito estratégica, já respondendo a condições de mercado globais".

Levy permanece em Washington até a segunda, quando viaja a Nova York. Ele deve retornar ao Brasil na terça-feira.