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Mosaicos romanos viram desenhos toscos em restauração malsucedida

Montagem de fotos mostra detalhe de um mosaico antes (direita) e depois (esquerda) da restauração no Museu da Arqueologia da Turquia -  Antakya Museum/AFP
Montagem de fotos mostra detalhe de um mosaico antes (direita) e depois (esquerda) da restauração no Museu da Arqueologia da Turquia Imagem: Antakya Museum/AFP

06/05/2015 11h52

O Ministério da Cultura da Turquia está investigando informações de que diversos mosaicos romanos raros teriam sido seriamente danificados durante um trabalho de restauração malsucedido em um museu arqueológico, informou a imprensa turca.

Ao menos 10 mosaicos no Museu Arqueológico de Hatay teriam sido afetados, segundo o relato de Mehmet Daskapan, um artesão local, de acordo com o site "Hurriyet Daily News".

"Peças valiosas do período romano foram arruinadas", disse Daskapan ao site Antakya Gazetesi. "Eles se tornaram caricaturas de ex-escravos. Alguns estão numa condição ruim e perderam a originalidade e valor".

A entrevista foi dada em fevereiro, mas só agora a grande imprensa turca noticiou o caso.

O Ecce Homo, após a restauração - Arnau Bach/The New York Times - Arnau Bach/The New York Times
O Ecce Homo, após a restauração
Imagem: Arnau Bach/The New York Times

Fotos de 'antes e depois' dos mosaicos apresentadas por Daskapan mostram as versões "restauradas" com diferenças significativas das versões originais. Algumas pedras parecem terem sido substituídas com cores e formas diferentes, alterando as expressões faciais dos personagens retratados.

Como precaução, o Ministério da Cultura da Turquia suspendeu todo o trabalho de restauração no local, que abriga mosaicos dos séculos 2 ao 6 a.C., disse o site.

Em dezembro, o museu abriu um grande novo edifício, e curadores estão no processo de mover os artefatos para o novo espaço. Quando a mudança estiver completa, terá 5 mil metros quadrados para a exibição de mosaicos.

A imprensa turca ligou o episódio ao caso de uma espanhola, Cecilia Giménez, 82, que tentou restaurar um fresco de Jesus Cristo em 2012, o Ecce Homo. O produto final, na parede de uma igreja perto de Zaragoza, não se parecia em nada com a imagem original.

O caso trouxe fama ao então pouco conhecido santuário, que, desde então, recebeu mais de 40 mil turistas, ávidos para ver a nova "obra-prima", segundo a fundação que mantém o local.