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Sexo de Deus é indefinido, defende grupo feminista anglicano

Libby Lane foi ordenada em janeiro deste ano como a primeira bispa da Igreja Anglicana - Lynne Cameron/AFP
Libby Lane foi ordenada em janeiro deste ano como a primeira bispa da Igreja Anglicana Imagem: Lynne Cameron/AFP

Amelia Butterly

BBC Newsbeat

02/06/2015 12h48

Deus não é "ele" nem "ela". É o que defende a ONG britânica Watch, que representa o interesse das mulheres na Igreja Anglicana.

A organização foi acusada de tentar "reescrever" a doutrina cristã ao encorajar as pessoas a usar o pronome feminino para falar de Deus.

A pároca Jody Stowell, da igreja St Michael & All Angels, no noroeste de Londres, e integrante da Watch, rejeita as acusações e diz que "a discussão não é sobre transformar Deus em uma mulher".

"É sobre resgatar a maneira como a Bíblia descreve Deus", afirma. "Temos imagens de Deus como uma mãe ursa, feroz, protegendo seus filhos. Não estamos restringindo a noção de Deus como um gênero. Eu gostaria de incentivar as pessoas a explorar esse tipo de imagens. Elas são bíblicas e tradicionais na fé cristã."

No entanto, a parlamentar conservadora Ann Widdecombe, que deixou a Igreja Anglicana após a ordenação de mulheres ter sido aprovada, nos anos 1990, disse que usar o pronome feminino para se referir a Deus é algo "tolo" e "pensado por lunáticos".

'Idoso barbado'

Stowell propõe uma mudança na maneira pela qual Deus é retratado.

"A maioria das pessoas pensa em Deus como um homem idoso, barbado e no céu... e provavelmente branco. Isso não é só uma questão de gênero", diz a pároca.

"Se (os jovens) ouvirem que Deus não é um homem branco e idoso no céu, mas sim que Ele abriga a todos. Se desconstruirmos esse mito, se derrubarmos a ideia de que o cristianismo é algo masculino, pálido e obsoleto, é claro que isso vai levar mais gente a explorar a própria fé"

As mulheres passaram a poder ser ordenadas na Igreja Anglicana em 1994 - e no início deste ano Libby Lane foi ordenada a primeira bispa.

Apesar de ser crescente o número de padres mulheres, a páraco Stowell afirma que ainda há um longo caminho no que diz respeito a mudar a maneira como a mulher é vista na igreja.

"Se você pensar em quanto tempo a Igreja existe como instituição, vamos levar anos e anos para que se entenda a mensagem, diante de uma estrutura que foi formada por vozes masculinas e de uma maneira masculina."