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15 medidas de segurança adotadas após os atentados de 7 de julho

07/07/2015 10h33

Os ataques de 7 de julho de 2005 em Londres, que deixaram 56 mortos, surpreenderam o governo e a população. Era a primeira vez que cidadãos britânicos atentavam contra seu próprio país.

Além disso, os atentados deixaram também lições importantes para os responsáveis pela segurança da capital britânica e para os que planejam a ação imediata dos serviços de emergência no atendimento às vítimas.

Detalhes que emergiram durante as investigações orientaram a implementação de medidas preventivas e a adoção de novos procedimentos para melhorar a rapidez da resposta e a qualidade do atendimento emergencial às vítimas.

O governo por sua vez implementou uma ampla estratégia antiterror, que recebeu críticas de ser excessiva e invasiva, impondo limites mais rígidos à liberdade individual. Mas, afinal, quais foram as principais medidas adotadas após os atentados? Veja abaixo:

1) Barreiras

Em vários pontos da cidade é possível identificar barreiras de segurança muitas vezes disfarçadas por designs que as incorpora de certo modo na paisagem urbana.

Planejadas para absorver o impacto direto de um caminhão carregado de explosivos, as barreiras podem ter o aspecto simples dos chamados "fradinhos" de concreto usados no Brasil para impedir estacionamento em calçadas, ou de jardineiras colocadas na calçada com plantas e flores e até mesmo de muros baixos.

Em uma das calçadas do Emirates, o estádio do Arsenal, um dos maiores de Londres, o nome do clube em letras grandes de concreto também funciona como barreira de proteção.

O acesso a várias estações de trem e metrô foi redesenhado para "diminuir o impacto de possíveis ataques".

2) Regionalização do serviço de inteligência

Apesar de terem agido em Londres, os responsáveis pelos ataques de 2005 vieram de fora da capital. Isso fez com que fossem criadas seções regionais dos serviços de segurança que atualmente operam conjuntamente com a polícia local na tentativa de identificar movimentos de radicalização em comunidades menores.

3) Compartilhamento de informação

Alguns dos autores dos atentados já tinham passado pelos radares dos serviços de segurança anteriormente. Apesar das investigações terem concluído que não teria sido possível prever ou prevenir os atentados de 2005, as diversas forças de segurança do país atualmente compartilham informações mais intensa e rotineiramente, como fotos e dados.

4) Rastreamento digital de dados

Por terem sido cometidos por homens-bomba do país, os atentados levaram as autoridades a intensificar a coleta de inteligência digital, rastreando as pistas eletrônicas deixadas por suspeitos ou autores de atentados.

Atualmente, são monitorados de perto indivíduos que frequentam sites extremistas na internet ou os que visitam países como Paquistão ou Afeganistão.

5) Rapidez na ajuda de emergência

Os médicos demoraram a chegar aos locais dos atentados - o atendimento às vítimas da explosão de um ônibus no centro de Londres só ocorreu 52 minutos após o atentado.

Em consequência, foram incrementados os serviços de resposta e o nível de atendimento às vítimas. Num incidente ocorrido em dezembro de 2013, quando parte do teto de um teatro do centro de Londres desabou durante um espetáculo, foram enviadas imediatamente ao local 20 ambulâncias e outros veículos de apoio com suprimentos extras e pessoal especializado.

6) As estações de metrô passaram a ser numeradas

As investigações descobriram que uma das razões para a demora da chegada da ajuda de emergência aos locais dos atentados em 2005 foi que algumas ambulâncias foram enviadas a locais errados. Faltou coordenação em algumas das estações de metrô atingidas. Agora, cada estação de metrô tem um ponto de encontro específico para os serviços de emergência com um código especifico e coordenadas de localização por GPS. Desses pontos, as operações poderão ser melhor coordenadas. Agora, cada estação e cada túnel tem uma numeração própria para facilitar a identificação e localização em casos de emergência.

7) Melhor comunicação no interior dos túneis

Se as comunicações na superfície foram consideradas inadequadas, os relatórios das investigações revelaram que simplesmente não existiram nos subterrâneos do metrô. Atualmente, foram criados novos sistemas de comunicação no metrô de Londres interligados de modo a facilitar a coordenação de operações de emergência e de resgate. "Cada membro das equipes do metrô de Londres possui um rádio mantendo todo o time em permanente comunicação".

8) Metrô adota estrutura de comando usada pela polícia

O metrô de Londres agora tem os mesmos níveis de comando (Ouro, Prata e Bronze) usados pelas equipes de emergência em incidentes de grandes proporções. Quem opera o nível Ouro comanda toda a operação a partir de uma central de controle. Existe um comandante do nível Prata em cada local. É ele quem decide o que e como fazer. As várias equipes de operação são comandadas por um líder no nível Bronze determinando a execução de diferentes tarefas.

Atualmente, os comandos de diferentes operações ficam todos na mesma sala de controle, ao contrário do que ocorreu em 2005, quando estavam em diferentes prédios e as diferentes operações não eram coordenadas com coerência.

9) Desligamento da energia

Em 2005, algumas equipes de resgate demoraram a chegar aos locais das explosões por não saberem se a energia dos trilhos tinha sido desligada ou não. Foi decidido que a partir de agora, um determinado membro da equipe de operação de cada estação fica encarregado de acompanhar a equipe de resgate. Nos atentados de 10 anos atrás, engenheiros do metrô ficaram retidos em engarrafamento. Eles atualmente têm em seus carros sirenes como as usadas pela polícia, ambulância e bombeiros para se deslocar mais rapidamente pelo tráfico.

10) Equipes menores

No mesmo momento em que é registrado o maior número diário de passageiros transportados pelo metrô de Londres, as estações perdem pessoal com a introdução de máquinas para a compra de bilhetes. Segundo a diretoria do metrô, isso liberará os funcionários que atendiam nos guichês para que possam ser utilizados em atendimento a passageiros e em eventuais situações de emergência. Esta não é, entretanto, a visão do sindicato de metroviários, que alerta que a segurança do sistema pode ser prejudicada com a redução efetiva das equipes.

11) Kits de primeiros socorros

Após os atentados, foram colocados em 170 locais de Londres kits de emergência para ferimentos diversos. Estes kits contêm equipamento fundamental ao primeiro atendimento à vítimas e podem evitar por exemplo a amputação de um membro.

12) Preparar para o pior

Chefes dos serviços de segurança têm a missão de imaginar respostas adequadas a possíveis cenários extremos. Essas táticas são revistas regularmente com base em exercícios de simulação que incluem os vários serviços. Recentes atentados em Paris, Sydney e Otawa mostraram que a polícia precisa atualizar permanentemente a tática de resposta.

13) Relação com muçulmanos

Uma das grandes questões que permanece sem resposta do governo é a complexa e difícil relação com as comunidades muçulmanas e com todos os grupos que dizem representá-las.

Tanto o governo trabalhista,liderado primeiramente por Tony Blair e depois por Gordon Blair, como os conservadores, sob liderança de David Cameron, divergiram sobre como melhor se aproximar e envolver as comunidades muçulmanas no combate ao extremismo.

Atualmente, o novo desafio do governo vem com o recrudescimento do extremismo islâmico com a ascensão do grupo autointitulado 'Estado Islâmico' cria uma visão utópica do islamismo que facilita o recrutamento de jovens e intensificou o debate sobre o combate efetivo ao extremismo pelas comunidades muçulmanas.

14) Controle de fronteiras

O departamento de Imigração britânico investe milhões de libras no aperfeiçoamento da coleta e análise de dados sobre aqueles que saem e entram no país. Atualmente, funcionários de imigração têm poder de retirar de um avião algum passageiro que eles acreditem que não deva deixar a Grã-Bretanha.

15) Lidando com as consequências

Assistentes sociais têm sido treinados para prestar apoio psicológico às vítimas e seus parentes. O ataque recente em um balneário da Tunísia que matou 30 britânicos foi o primeiro grande teste destes profissionais. Resta saber se os parentes das vítimas atendidos receberam o apoio adequado.